Nessa terça-feira (08), a companhia de tecnologia cerebral do empresário Elon Musk, Neuralink, informou que o primeiro chip transplantado pela empresa em janeiro desse ano em um humano apresentou defeitos. O anúncio, realizado em uma postagem do blog da corporação, detalha que, após algumas semanas do implante, alguns fios de eletrodo, que ficam instalados no tecido cerebral humano, começaram a se retrair, impedindo o correto funcionamento do chip.
O anúncio do defeito no funcionamento vai de encontro à tentativa da empresa de realizar mais transplantes em seres humanos. As sinalizações de defeito podem resultar em um impasse com a agência norte-americana para alimentos e medicamentos (FDA), responsável por conceder a autorização para a Neuralink realizar os trâmites necessários nos Estados Unidos.
O transplante
Noland Arbaugh, de 29 anos, é o primeiro transplantado da Neuralink. O paciente, que ficou tetraplégico após sofrer um acidente de mergulho, conseguiu, por meio do implante, jogar xadrez online utilizando apenas o controle da mente. Além de proporcionar autonomia a quem tem mobilidade reduzida, um dos intuitos de implantar os eletrodos seria mapear doenças como paralisia, epilepsia e Parkinson para tratá-las.
Noland Arbaugh controlando um jogo de xadrez com a mente (Vídeo: reprodução/Youtube/UOL)
A resolução da Neuralink
Como medida de correção do erro, a Neuralink informou que a retração dos fios de eletrodo foi compensada com várias correções de software. Com isso, ocorreu uma rápida e constante recuperação do paciente, que agora restabeleceu seu desempenho inicial.
A Neuralink informou ainda que está trabalhando para melhorar a entrada de texto e o controle do cursor do dispositivo. Assim, a empresa espera estender o uso de dispositivos para o mundo físico com braços robóticos e cadeiras de roda.
Site da Neuralink (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Gabby Jones/Bloomberg)
O que dizem os especialistas
Em entrevista à Bloomberg, especialistas da área de implantes cerebrais explicam que as complicações enfrentadas pela empresa no primeiro implante podem ter ocorrido devido “aos fios se conectarem a um dispositivo que fica dentro do crânio, e não na superfície do tecido cerebral”. Normalmente, os testes são realizados com implantes cerebrais no topo do tecido do cérebro, o que permite maior estabilidade do dispositivo transplantado.
Eric Leuthardt, neurocirurgião da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis explica ainda que não é possível estabelecer quanto o cérebro pode se mover dentro do espaço cerebral. A ação de mover a cabeça ou balança pode resultar em perturbações de vários milímetros.
Foto destaque: primeiro implante cerebral da Neuralink apresenta falha de funcionamento (Reprodução/Getty Images Embed/Jonathan Raa/NurPhoto)