A pressão alta é um estado crônico que afeta 30% dos brasileiros e está associada a maior chance de desenvolver problemas cardiovasculares, infarto e acidente vascular cerebral (AVC). No entanto, engana-se quem acredita que o coração é o único órgão prejudicado pela doença. Pesquisas mostram que ela também está associada ao declínio cognitivo, o que inclui a demência e a perda de memória.
Ainda afirmou o especialista cardiologista Osni Moreira Filho, atuando na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que a pressão elevada, acima de 140×90 mmHg, favorece o aparecimento de pequenas lesões dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro e a ocorrência de pequenos derrames, comprometendo a circulação do sangue que leva oxigênio para o órgão. Como consequência, ocorre a morte dos neurônios e a perda da função cerebral.
Os malefícios podem ser percebidos em diversos domínios da função cognitiva como, por exemplo, a capacidade de manter o foco, realizar planejamentos, armazenar informações, se comunicar e ser capaz de reconhecer as pessoas.
Medindo pressão. (Foto: Reprodução/Pexels)
Segundo Osni, a pessoa que tem tendência a desenvolver o Alzheimer e é hipertenso corre uma chance maior de antecipar o desenvolvimento da doença. “Se a pessoa controlar a pressão, os casos graves podem ser adiados. Então é muito significante monitorar e tratar a pressão alta”, afirmou durante o 77º Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado no Rio de Janeiro.
Uma pesquisa brasileiro publicada entre as colaborações entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) apontou que idosos hipertensos têm 168% mais chance de desenvolver algum tipo de demência.
Outro estudo divulgado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) relacionou a hipertensão a uma diminuição cognitiva e memória acelerada em adultos de qualquer idade.
A mesma pesquisa, relevada como artigo na revista Hypertension, em dezembro de 2020, também afirma que a pré-hipertensão, condição em que o paciente tem a pressão entre 121 por 81 a 139 por 89 na maior parte do tempo, também está ligado ao declínio cognitivo acelerado.
Foto destaque: Consulta psicologia. Reprodução pexels.