Saúde

Mortes relacionadas ao consumo de ultraprocessados chegam a 57 mil por ano no Brasil, aponta estudo

Indicam que 57 mil das mortes ocorridas em 2019 são atribuíveis ao consumo de alimentos processados, o número corresponde a 10,5% do total de óbitos de pessoas entre 30 e 69 anos ocorridas naquele ano

09 Nov 2022 - 15h00 | Atualizado em 09 Nov 2022 - 15h00
Mortes relacionadas ao consumo de ultraprocessados chegam a 57 mil por ano no Brasil, aponta estudo Lorena Bueri

Pesquisa realizada por especialistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que os óbitos prematuras ligados ao consumo de alimentos ultraprocessados chegam a 57 mil por ano no Brasil. Isso abrange cerca de 10% das mortes de indivíduos de 30 a 69 anos registrados em 2019, ano da análise.

Meios para conseguir alterar essa realidade, pesquisadores relatam a importância de trabalhar políticas públicas para tornar os alimentos saudáveis mais acessíveis para a população. Indicam ainda que os consumidores priorizem alimentos orgânicos e que analisem os valores nutricionais nas embalagens antes de comprar comida.


Mercado. (Foto: Reprodução/Pexels)


No mês de outubro, uma lei no País instituiu a nova rotulagem de alimentos, para identificar produtos com valores grandes de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio.

As conclusões da pesquisa, que foram publicadas nesta segunda-feira, 7, em artigo publicado no American Journal of Preventive Medicine, apontam que 57 mil das mortes ocorridas em 2019 estão relacionadas com o consumo de alimentos ultraprocessados. O número abrange 10,5% do total de óbitos de pessoas entre 30 e 69 anos ocorridas naquele ano (541,3 mil) e a 21,8% das vítimas das chamadas doenças crônicas não transmissíveis (261,1 mil).

Entre as mortes ligadas com a alimentação inadequada, o foco principalmente se dá por causa de infarto e AVC (acidente vascular cerebral), explica o especialista do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Saúde e Nutrição da Universidade de São Paulo Eduardo Nilson, que estava à frente na pesquisa.

Isso porque, continua, ambas estão relacionadas com problemas de hipertensão. “Mas a questão do diabete também está presente, além da obesidade, da doença renal crônica”, afirma.

As novidades do estudo foram fruto de uma análise profunda, feita ao longo do ano de 2022. O período foi preferido por conta da base dos dados para modelagem, mas a avaliação dos especialistas é que, ao longo dos anos seguintes, deve ter se mantido ou até piorado.

“A ameaça não vai mudar com o tempo, a mudança vai ser no que a gente chama de exposição, que é o quanto aquela questão de risco está relacionada com a população”, explica Nilson. “Isso vai ser representado pela quantidade de alimentos ultraprocessados consumidos, e a gente sabe que vem havendo um crescimento do consumo nas últimas décadas.”

Os alimentos ultraprocessados, como salsicha, biscoito recheado e macarrão instantâneo, tiveram um espaço maior na mesa do brasileiro nos últimos anos. Conforme pesquisas recentes, eles passaram a representar cerca de 24% das calorias consumidas no País. Há cerca de 30 anos atrás, correspondiam a menos da metade que tinham apenas 10% de participação calórica.

 

Foto destaque: Mercado. Reprodução pexels.

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