Nesta quarta-feira (29), o Ministério da Saúde divulgou a atualização de lista oficial de doenças do trabalho com a inclusão de 165 novas patologias, expandindo significativamente o rol de enfermidades reconhecidas como decorrentes das atividades laborais, estando entre elas a síndrome de burnout, o abuso de drogas e tentativas de suicídio.
Lista ajuda a mapear doenças relacionadas ao ambiente de trabalho
Essa expansão das denominações das patologias indica um avanço significativo na compreensão e no reconhecimento das condições de saúde mental relacionadas ao ambiente profissional. A finalidade dessa lista é mapear a saúde, sendo uma ferramenta para se ter o registro de doenças possivelmente ligadas ao ambiente de trabalho, sejam elas confirmadas ou suspeitas.
Ao G1, a médica docente na área de Saúde do Trabalhador na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que integrou a equipe técnica responsável pela publicação, disse que “a lista incorporou doenças que não existiam e trouxe doenças que já existiam, mas cuja relação com o trabalho ainda não estava bem estabelecida, como alguns cânceres”. Essa atualização preenche uma brecha em lista feita há 24 anos, que não acompanhou a evolução da ciência ou as mudanças nos ambientes de trabalho.
Equipamento de Proteção Individual (Foto: reprodução/TRT15/Justiça do Trabalho)
Doenças ocupacionais mais listadas
Segundo o Ministério da Saúde, “o Sistema Único de Saúde (SUS) atendeu quase 3 milhões de casos de doenças ocupacionais entre 2007 e 2022, sendo 52,9% das notificações relativas a acidentes de trabalho graves”. O ministério ainda informa que 26,8% dos casos registrados foram originados pela interação com substâncias biológicas, 12,2% decorreram de acidentes envolvendo animais peçonhentos e 3,7% estiveram associados a lesões por esforço repetitivo (LER).
Somente em 2023 já foram registrados mais de 390 mil casos de doenças relacionadas ao trabalho.
Importância da atualização de patologias ocupacionais
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a nova lista passará a valer após 30 dias de sua publicação no Diário Oficial da União (DOU) e atenderá toda a população trabalhadora, urbana e rural, e independentemente da forma de inserção no mercado de trabalho, seja formal ou informal.
A nova lista de doenças do trabalho também representa um avanço considerável no reconhecimento e na abordagem das questões relacionadas à saúde mental dos trabalhadores, sinalizando a urgência de um olhar mais abrangente sobre as condições de trabalho e o impacto dessas doenças para os brasileiros.
Foto Destaque: pessoa aparece de cabeça baixa enquanto é cobrada no ambiente de trabalho (Reprodução/Freepik)