Um estudo publicado nesta quarta-feira (21), realizado pelo grupo Geo-Yanomami, coordenado pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), aponta que 62% das comunidades indígenas yanomami em vivem hoje em áreas ameaçadas.
Devido à crise humanitária que atingiu a população indígena Yanomami no início desse ano, o grupo Geo-Yanomami foi criado para apoiar à construção de base de dados que auxiliem as ações emergenciais em campo, bem como a produção, organização e análise de dados que permitam avaliar permanentemente a situação de saúde da população indígena. O grupo é formado por pesquisadores e alunos de diversas instituições, como a Fiocruz, Ligas/UVA e entre outras.
Os pesquisadores cruzou diversas bases de dados, além de imagens aéreas, referentes a 366 comunidades indígenas e seu arredor para mensurar a escalada de ameaças à saúde dos indígenas nos últimos anos. O grupo constatou um aumento de mais de 100 pistas de pouso, sendo pelo menos 38 delas clandestinas, principalmente ao norte do Território Yanomami.
Mapa mostra as pistas de pouso localizadas em Território Yanomami (Foto:Divulgação/GT Geo-Yanomami)
O estudo também revelou que o garimpo ilegal e as invasões afetaram vários trechos dos rios próximos à comunidade. Cerca de 53% dos rios estão potencialmente contaminados, atingindo uma população de cerca de 12 mil indígenas.
Segundo a pesquisa, “a degradação ambiental e o mau uso do solo causados pelo garimpo se relacionam diretamente com o aumento dos problemas de saúde dos indígenas nos últimos anos.”
“Entre as principais alterações observadas no Território Yanomami estão as queimadas: foram 708 km² de áreas atingidas entre 2017 e 2022. As outras atividades que mais destruíram a floresta na região foram desmatamento e mineração”, aponta o estudo.
Segundo a nota técnica publicada pelo grupo, o processo de desterritorialização causado pela atividade ilegal do garimpo e as invasões tem um impacto na distribuição geográfica e na sobrevivência das populações, que buscam novas áreas não poluídas e com capacidade bioecológica para sustentar seu modo de vida. Contudo, muitas comunidades não conseguem realizar essa migração e acabam em situações extremamente vulneráveis do ponto de vista socioambiental.
Foto Destaque: Comunidade Yanomami. Reprodução/GettyImages/Globo.
