Esperado pelo sucesso de bilheteria que foi o primeiro filme, Coringa: Delírio à Dois, chega aos cinemas em outubro. O nome da continuação chama a atenção por se referir a síndrome psicótica que cerca o relacionamento de Coringa com Arlequina, interpretados por Joaquin Phoenix e Lady Gaga. O filme seguirá a partir de dois anos após a perturbação da ordem causada por Coringa no primeiro filme.
Romance louco
Nos trailers oficiais é possível perceber que o amor entre Arlequina e Coringa será desenvolvido, partindo de onde eles se conhecem até chegar ao ápice. No filme, Coringa está cumprindo sua pena pelos transtornos causados no longa anterior e Arlequina é uma das que se converteram como suas seguidoras, após o discurso no programa onde a era “Joker” começa.
(Foto: Coringa e Arlequina. Reprodução/X/@omultiversal)
O longa passeia pelo romance psicótico que vivem os protagonistas. A relação tem como base uma síndrome rara, que nomeia o filme: Delírio à Dois. Também conhecido como transtorno psicótico induzido ou Folie à Deux, a síndrome é caracterizada pela transferência de delírios de um portador considerado primariamente psicótico para o secundário em relação ao delírio, em alguns casos, pode levar à morte. Por ser uma síndrome rara, foi vista pela primeira vez em 1641, mas detalhada apenas em 1877. Não há muito casos registrados, mas foram encontrados 64 entre 1993 e 2005
No artigo publicado pelo Jornal Brasileiro de Psiquiatria, diz que essa condição é comum em pessoas que têm um relacionamento próximo e vivem isoladas. Os casos foram mais encontrados em duplas: entre parceiros ou mães e filhos, mas pode chegar a mais pessoas, sendo chamado, na tradução literal do francês, de delírio à três, quatro, familiar ou vários.
Delírio à Dois da vida real
O artigo traz o estudo de um caso, nele uma mãe e uma filha desenvolveram a síndrome. A senhora, de 81 anos, morava longe da filha, mas as duas tinham contato diário. A filha, já adulta, começou a apresentar sinais de que estava sendo perseguida, havendo momentos em que a mulher corria desesperada pela rua. Após tentar cometer suicídido, o marido a convenceu de ir a um psiquiatra. Foi descoberto que sua mãe disse ter tido uma revelação espiritual onde a mulher seria morta caso viajasse. O casal estava planejando uma viagem para Europa, mas foi cancelada após a “revelação”.
A paciente não tinha histórico de transtorno mental na família, mas na gravidez de seu filho, apresentou um episódio de psicose puerperal. Na ocasião, a mãe dela havia tido revelações espirituais de maus presságios em relação ao bebê. Logo depois, a mulher passou a crer que seu filho seria um espírito ruim e tentou matá-lo. A mulher ficou internada após o nascimento e recebeu tratamento com psicofármacos. Ela não teve crises por 26 anos.
Já no segundo caso, a paciente recebeu tratamento com risperidona. Foi orientado que se distanciasse de sua mãe durante o tratamento de 6 meses, com 14 dias ela estava sem sintomas psicóticos.
Foto Destaque: Coringa e Arlequina. (Reprodução/Getty Images/James Devaney)