Saúde

Estudo que embasou o uso da Cloroquina para Covid-19 é invalidado

Revista publica retratação científica e invalida estudo produzido em 2020 pelo cientista Didier Raoul que fundamentou o uso da cloroquina para tratar Covid-19

20 Dez 2024 - 20h37 | Atualizado em 20 Dez 2024 - 20h37
Estudo que embasou o uso da Cloroquina para Covid-19 é invalidado Lorena Bueri

Na última terça-feira (17), a Elsevier, editora responsável pela publicação do estudo científico que afirmava a eficácia do uso da Cloroquina e da Hidroxicloroquina em casos de Covid-19, veio a público se retratar e demonstrar a ineficácia da prescrição de tais medicações no enfrentamento do vírus.

Na ocasião, em 2020, o artigo publicado pelo médico infectologista francês, Didier Raoul, fundamentou o uso da Cloroquina e da Hidroxicloroquina como tratamento medicamentoso em pacientes infectados pelo Sars-CoV-2 e, acabou por influenciar a maneira como os governantes enfrentaram a pandemia que trouxe caos ao mundo contemporâneo.

O estudo,  inicialmente apoiado pelo governo Francês de Emannuel Macron e posteriormente rejeitado, foi produzido por 18 autores ao todo, sendo chefiado pelo infectologista Didier Raoult. Diante de todo o desespero e desconhecimento gerado pelo vírus que dizimou milhares de vidas, o trabalho publicado pela editora Elsevier, em um primeiro momento, trouxe esperança à um cenário incertezas.

Vale lembrar que o medicamento, debatido como eficaz para o Covid-19, é na verdade mundialmente recomendado para o tratamento de Malária. No Brasil, a doença tem maior incidência nos estados da região Amazônica, sendo considerada uma doença endêmica.


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 Imagem de um teste de Covid-19 (Foto: reprodução/Jakub Porzycki/NurPhoto/ Getty Images Embed)


Covid-19 no Brasil

Com um cenário caótico e uma crescente no números de mortes diárias, vários países apostaram no tratamento milagroso elaborado pelo cientista francês, inclusive o governo brasileiro, sob o comando do então presidente Jair Messias Bolsonaro.

No Brasil, Bolsonaro foi o responsável por propagar a teoria e facilitar a prescrição do combo: Cloroquina, Hidroxicloroquina e da Azitromicina como tratamento médico. Mesmo em meio a muitas críticas e com o surgimento de pesquisas que refutavam a eficácia do tratamento, o então presidente seguiu com a recomendação e influenciou a tomada de decisão do Ministério da Saúde no enfrentamento da pandemia, comprometendo o fo de um tratamento eficaz para milhares de brasileiros.


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O então Presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, em 2020, segurando uma caixa do medicamento Cloroquina (Foto: reprodução/Sergio Lima/Getty Images Embed)


O que dizem os cientistas

Em publicação, a editora Elsevier afirmou ter encontrado várias falhas metodológicas no estudo do cientista que fundamentou a teoria medicamentosa. A editora também evidenciou a falta de ética na realização da pesquisa e concluiu que o estudo não tinha validade científica.

Hoje, após anos de pesquisas com metodologias sérias, os mais importantes órgãos de estudos médicos científicos — à exemplos do Recovery, na Inglaterra, Hycovid na França, e ainda estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde — comprovam a ineficácia do combo medicamentoso defendido por Didier Raoul e, assim, encerram mais um capítulo da história médica recente mundial. 

 Foto Destaque: Frasco de Cloroquina (Reprodução/ George Frey/ AFP/ Getty Images Embed)

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