Saúde

Estudo mostra que ibogaína é eficiente no tratamento de traumas em veteranos

Novo estudo da Universidade de Stanford avalia o efeito de uso de drogas alucinógenas em tratamentos contra sequelas causadas pelo traumatismo cranioencefálico em veteranos de guerra

08 Jan 2024 - 11h06 | Atualizado em 08 Jan 2024 - 11h06
Estudo mostra que ibogaína é eficiente no tratamento de traumas em veteranos Lorena Bueri

Divulgado pela revista Nature Medicine, estudo realizado pela Universidade de Stanford mostra que drogas psicoativas apresentam um resultado eficiente no tratamento de sequelas causadas pelo traumatismo craniano em veteranos. 

A lesão é provocada pelo impacto ou pancada na cabeça. O trauma pode causar sangramentos, edemas ou formação de coágulos. Dependendo da gravidade da lesão, o traumatismo craniano pode desencadear ansiedade, depressão, perda de memória, apatia, paralisia, entre outros.

A Universidade de Stanford realizou os estudos no México e contou com a participação de 30 veteranos de operações especiais, em que todos sofreram em qualquer momento traumatismo craniano. 

O que é Ibogaína

Derivada das raízes da iboga, a ibogaína é uma substância que causa mudanças físicas e psíquicas. Ao ser ingerida, ela estimula a criação de neurotransmissores, que possuem como objetivo controlar a compulsão. O hormônio produzido pela ibogaína no corpo não é criado de forma voluntária na fase adulta, uma vez que, o corpo deixa de fabricá-lo aos 13 anos de idade. Ela é muito utilizada para o tratamento de dependentes de cocaína, crack e outros vícios.


Fruto da Iboga que também pode conter a ibogaína (Foto: reprodução/Rachel Nuwer/National Geographic Portugal)


A iboga é um arbusto que cresce no centro-oeste da África e foi muito usada para rituais religiosos ao longo da história. Contudo, o uso de ibogaína pode causar problemas cardíacos e no sistema gastrointestinal.

Tratamento contra sequelas de trauma

Para a realização do estudo, os pesquisadores precisaram ir ao México, visto que, nos Estados Unidos o uso de ibogaína é proibido. O professor Nolan Williams, contou em entrevistas, que os resultados obtidos no tratamento surpreenderam e que pretendem continuar a estudar a substância.

Todos os participantes do estudo tinham uma pontuação média no Cronograma 2.0 de Avaliação de Incapacidade da Organização Mundial da Saúde (WHODAS-2) superior a 30. Essa avaliação busca medir a incapacidade e saúde em vários aspectos. Após o tratamento, os sintomas dos participantes apresentaram uma grande melhora, sendo confirmada em uma nova avaliação do WHODAS-2, em que o resultado caiu para menos de 20. 

A avaliação indicou que o processamento cognitivo dos veteranos estava demonstrando muita melhora e após um mês do tratamento, os resultados ainda estavam caindo. Com isso, os pesquisadores ficaram entusiasmados com o estudo, mas disseram que é necessário mais algumas pesquisas para confirmar a ação da substância.

A ibogaína no Brasil não é liberada, mas a Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) permite a sua importação para alguns tratamentos.

Foto Destaque: soldados em um campo de batalha (Reprodução/Mega Curioso)

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