Divulgado pela revista Nature Medicine, estudo realizado pela Universidade de Stanford mostra que drogas psicoativas apresentam um resultado eficiente no tratamento de sequelas causadas pelo traumatismo craniano em veteranos.
A lesão é provocada pelo impacto ou pancada na cabeça. O trauma pode causar sangramentos, edemas ou formação de coágulos. Dependendo da gravidade da lesão, o traumatismo craniano pode desencadear ansiedade, depressão, perda de memória, apatia, paralisia, entre outros.
A Universidade de Stanford realizou os estudos no México e contou com a participação de 30 veteranos de operações especiais, em que todos sofreram em qualquer momento traumatismo craniano.
O que é Ibogaína
Derivada das raízes da iboga, a ibogaína é uma substância que causa mudanças físicas e psíquicas. Ao ser ingerida, ela estimula a criação de neurotransmissores, que possuem como objetivo controlar a compulsão. O hormônio produzido pela ibogaína no corpo não é criado de forma voluntária na fase adulta, uma vez que, o corpo deixa de fabricá-lo aos 13 anos de idade. Ela é muito utilizada para o tratamento de dependentes de cocaína, crack e outros vícios.
Fruto da Iboga que também pode conter a ibogaína (Foto: reprodução/Rachel Nuwer/National Geographic Portugal)
A iboga é um arbusto que cresce no centro-oeste da África e foi muito usada para rituais religiosos ao longo da história. Contudo, o uso de ibogaína pode causar problemas cardíacos e no sistema gastrointestinal.
Tratamento contra sequelas de trauma
Para a realização do estudo, os pesquisadores precisaram ir ao México, visto que, nos Estados Unidos o uso de ibogaína é proibido. O professor Nolan Williams, contou em entrevistas, que os resultados obtidos no tratamento surpreenderam e que pretendem continuar a estudar a substância.
Todos os participantes do estudo tinham uma pontuação média no Cronograma 2.0 de Avaliação de Incapacidade da Organização Mundial da Saúde (WHODAS-2) superior a 30. Essa avaliação busca medir a incapacidade e saúde em vários aspectos. Após o tratamento, os sintomas dos participantes apresentaram uma grande melhora, sendo confirmada em uma nova avaliação do WHODAS-2, em que o resultado caiu para menos de 20.
A avaliação indicou que o processamento cognitivo dos veteranos estava demonstrando muita melhora e após um mês do tratamento, os resultados ainda estavam caindo. Com isso, os pesquisadores ficaram entusiasmados com o estudo, mas disseram que é necessário mais algumas pesquisas para confirmar a ação da substância.
A ibogaína no Brasil não é liberada, mas a Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) permite a sua importação para alguns tratamentos.
Foto Destaque: soldados em um campo de batalha (Reprodução/Mega Curioso)