Na verdade, dizer que idosos tem menos febre é um mito. O que acontece é que como eles tem um corpo mais frio, quando acontece o aumento da temperatura corporal geralmente não é percebido e acaba não sendo considerado sintoma de algo mais sério nessa idade. Com a chegada de uma faixa etária mais avançada, a temperatura corporal média do organismo ficar mais baixa, podendo chegar a 1 °C em relação aos adultos e adolescentes.
Diferente das outras fases da vida, quando um idoso fica normalmente com 36 °C e, num certo dia, passa para 37,1 °C, isso já pode representar um quadro febril, mesmo que o diagnóstico da febre seja na casa dos 38 °C nos mais jovens. Essa mudança de temperatura pode atrapalhar no diagnóstico breve de doenças comuns ou até mesmo mais graves, como pneumonia ou infecção urinaria. No caso dos idosos, a febre não deve ser vista como principal sintoma, como é aconselhado a monitorar no caso das crianças.
Neste grupo, deve-se avaliar outros sintomas como prostração, dificuldade de equilíbrio, confusão mental e quedas frequentes podem ser os primeiros indícios de uma enfermidade. A avaliação da existência desses sintomas pode ajudar, levando um tratamento precoce e mais seguro.
Idosos interagindo. (Foto: Reprodução/fredericoporto)
Mas, por que esse queda de temperatura acorre? Dois artigos feitos pela Santa Casa de São Paulo em 2010 explicam melhor o que acontece: Ao analisarem centenas de casos e registros, os estudiosos concluíram que a temperatura média de um adulto saudável é de 37 °C. Já nos idosos a média fica em 36,1 °C, com uma variação de 0,21 °C para mais ou para menos. A pesquisa ainda mostra que ocorre um decréscimo de 0,15 °C na temperatura a cada década de vida e há três motivos principais para essa alteração.
"Nós temos uma espécie de termostato no hipotálamo, uma das regiões do cérebro. É ele quem controla a nossa temperatura corporal. Ao longo do processo de envelhecimento, esse 'termostato natural' pode ficar alterado", explica o geriatra Marcelo Altona, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A mudança na temperatura envolve a simples perda de calor para o ambiente."O idoso tem mais dificuldade em reter o calor no corpo, por mudanças que acontecem na pele e nas células de gordura", acrescenta o médico Marco Túlio Cintra, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
O segundo motivo é que as pessoas desse grupo contraem mais doenças que afetam a regulação da temperatura, como diabetes, distúrbios neurológicos, desnutrição e sarcopenia. O uso de medicamento elevado e a dificuldade de locomoção também facilitam esse processo.
Além disso, a própria dificuldade em medir a temperatura nessa faixa etária pode levar a resultados subestimados. Isso acontece porque as áreas do corpo, onde o termômetro feito de mercúrio é colocado, se alteram com o passar dos anos. Na axila, a quantidade de gordura e suor pode atrapalhar, o mesmo ocorre com o ouvido quando tem excesso de cera. Na boca, problemas com a salivação ou a própria dificuldade de manter o termômetro estável são complicadores. No ânus, a última alternativa da lista, o problema está na falta de conveniência de introduzir o instrumento ali. Uma opção são os aparelhos digitais mais modernos, que fazem a aferição na testa, mas eles são mais caros, sendo preciso ficar atento para trocar a bateria quando necessário.
É necessário estar atento a esses tópicos, eles podem evitar um agravamento no quadro de doenças, possibilitando um atendimento precoce.
Foto destaque: Por que idosos tem menos febre?/Reprodução bem-me-quer.
