De acordo com o Ministério da saúde, uma de dez mulheres têm endometriose, mas por ser uma doença silenciosa e com diagnóstico tardio, acredita-se que pode ser mais frequente do que é analisado.
A endometriose é uma doença na qual a parede interna do útero que é revistada por um tecido chamado de endométrio, cresce fora da cavidade uterina. Essa formação de tecido ocorre normalmente na região pélvica, nos ovários, no intestino, no reto, na bexiga e na pélvis.
“É um problema muito desacreditado, visto que muitas pacientes possuem medo de falar o que estão sentindo. É muito difícil as pessoas em volta dessa mulher entenderem essa dor, por isso, acaba sendo subestimado por ela mesma”, expõe o ginecologista e obstetra Dr. Marcos Tcherniakovsky.
Isso acontece também pelos os sintomas, muitas vezes, serem ignorados por os confundirem com as cólicas normais da menstruação.
Apesar de ser conhecida por provocar fortes cólicas, a endometriose também pode ser assintomática. Por isso, é tão importante fazer consultas à ginecologista, pois, além de ter um diagnóstico cedo sobre a doença, pode se prevenir sobre outras.
Sintomas:
O sintoma mais comum da endometriose são as cólicas menstruais intensas e incapacitantes. No entanto, existem outros sintomas, não tão populares assim Abaixo há uma lista sobre eles:
- Dor profunda na relação sexual;
- Dor pélvica fora do período menstrual;
- Fadiga crônica;
- Dificuldade para engravidar;
- Diarreia;
- Constipação intestinal;
- Modificação da consistência das fezes no período pré-menstrual e na menstruação;
- Dor ou sangramento ao evacuar, ou urinar durante a menstruação.
Este último item, se deve à secreção de prostaglandinas pelos implantes da doença. A prostaglandina estimula a contração do intestino, fazendo com que a mulher vá ao banheiro um número maior de vezes durante o fluxo menstrual. Mas quando a doença é avançada, o intestino grosso pode ser acometido e os sintomas se tornam mais exuberantes. Sangramento ao evacuar, sensação de querer ir ao banheiro toda hora e dificuldade para evacuar são sinais de que a doença já avançou, afirmou Eduardo Schor, presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose.
Quem tem endometriose pode engravidar?
A endometriose é, normalmente, associada à ocorrência de infertilidade. Embora a doença, em menor ou maior grau, tenha relação com a dificuldade de engravidar, mas aproximadamente metade dos casos de infertilidade feminina podem ter a endometriose como uma das principais causas.
A principal dificuldade para engravidar causada pela endometriose é o tubário. As tubas uterinas são lesionadas pelo processo inflamatório crônico da doença que leva à formação de aderências do peritônio com outros órgãos pélvicos. Isso pode resultar na obstrução das tubas uterinas e na redução da sua mobilidade.
Com isso, o transporte do óvulo e espermatozoides pode ser dificultado ou mesmo impedido, o que impossibilita a fecundação.
A presença de cistos de endometriose (endometriomas) nos ovários também há chance de afetar a fertilidade. Outra hipótese ainda sendo estudada é que a endometriose cause alterações inflamatórias e imunológicas no útero e endométrio que atrapalham a implantação do embrião.
Como é o tratamento de endometriose?
A endometriose não tem cura.
Apenas costuma amenizar seus sintomas depois da menopausa, quando há uma diminuição nos hormônios dos ovários. E quando as mulheres entram na menopausa, há uma queda natural na produção desses hormônios.
Do mesmo jeito, não é normal que se sintam fortes cólicas, quando isso acontecer deve se procurar um especialista para que ele possa oferecer um diagnóstico de acordo com os sintomas, podendo ou não ser endometriose.
Conforme o nível dos sintomas, mulheres em idade fértil devem considerar o uso do anticoncepcional como forma de parar a menstruação e assim conseguir escapar das fortes dores da endometriose. No entanto, é preciso avaliar com cuidado todos os efeitos colaterais causados pelo uso desse tipo de medicação.
Nos casos de endometriose profunda, é recomendado que se passe por procedimentos cirúrgicos que realizam uma raspagem do endométrio que foi parar em outros órgãos, em especial se os sintomas estejam impedindo a mulher de seguir com sua vida por dores fortes e sintomas extremos, além de estar afetando o órgão atingido pela endometriose profunda.
Em casos específicos de endometriose, a histerectomia pode ser a solução, sendo a remoção por completo do útero e de seus acessórios, recomendada para mulheres que já tiveram filhos.
Foto destaque: Feminilidade. Reprodução pexels.