Com mais de 750 mil notificações entre janeiro e maio de 2022, os casos de dengue registrados no Brasil representam um aumento de cerca de 150% em relação ao mesmo período de 2021. O aumento nos casos se deve, entre outros fatores, a longa e intensa temporada de chuvas e ao empobrecimento da população.
A pesquisadora da Fiocruz Cláudia Codeço, em entrevista a Renata Lo Prete, no podcast O Assunto, explica a relação entre a população carente e de baixa renda com o aumento na transmissão da dengue e outras arboviroses.
“Quando temos uma população mais empobrecida que precisa acumular água, precisa se organizar de uma maneira diferente, e está em um ambiente que vai ter uma menor manutenção - não só do privado, mas do público também - isso favorece a manutenção da transmissão das arboviroses", afirma a pesquisadora.
A pesquisadora e coordenadora do Infodengue, explica também a importância do investimento em políticas públicas, como saneamento básico e coleta de lixo, e a conscientização da população quanto a limpeza de criadouros e o cuidado com a água parada, evitando potencias fontes para mosquitos na próxima época de transmissão.
Teste rápido para diagnóstico da dengue está em falta nos hospitais do país. (Foto: Reprodução/Política Distrital)
Dados Oficiais
O novo surto de dengue causou, até o momento, 256 mortes no país, sendo o estado de São Paulo o que mais registrou óbitos pela arbovirose (99), seguido por Santa Catarina (28), Goiás (28) e Bahia (22).
Já a região Centro-oeste, com 1.171 casos a cada 100 mil habitantes, lidera as taxas de incidência da doença, seguida pela região Sul (635,6 casos/100 mil hab.), Sudeste (277,7 casos/100 mil hab.), Norte (176,1 casos/100 mil hab.) e Nordeste (149,1 casos/100 mil hab.). Os dados foram divulgados no mais recente Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde publicado na última sexta-feira (13).
A situação, já crítica, é agravada pela falta do reagente utilizado no exame de confirmação da doença, esgotado tanto na rede pública quanto na privada. Segundo o Jornal Folha de S. Paulo a reposição do insumo só deve ocorrer em junho, até lá a recomendação do Ministério da Saúde é que os casos sejam “confirmados por critério laboratorial ou por critério clínico-epidemiológico".
O teste rápido evita a necessidade da amostra ser levada para análise laboratorial, o que reduz o tempo de confirmação da infecção e possibilita o paciente sair da consulta médica já com um diagnóstico pronto. O método é uma das alternativas mais utilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para diagnóstico de arboviroses.
Foto destaque: Mosquito Aedes Aegypti, trasmissor da dengue (Reprodução/Clique Médicos)