Saúde

Crise na pesquisa de antibióticos pode prejudicar combate a superbactérias

O desenvolvimento da resistência a antibióticos e a falta de medicações eficientes provoca atualmente por volta de 5 milhões de óbitos no mundo ao ano

27 Nov 2022 - 18h00 | Atualizado em 27 Nov 2022 - 18h00
Crise na pesquisa de antibióticos pode prejudicar combate a superbactérias Lorena Bueri

Infectologistas acabaram ontem (26/11) a Semana Mundial de Conscientização do Uso de Antimicrobianos, onde foi discutido como precaver que bactérias desenvolvam resistência a essas drogas. A ciência sabe bem o que fazer para prolongar a vida útil dos antibióticos que já existem, mas o desenvolvimento de novos produtos parece se tornar cada vez mais difícil.

As pesquisas contra resistência antibacteriana têm como base o princípio de evitar o uso das drogas mais atuais para combater infecções que ainda possam ser tratadas com aquelas mais antigas. Isso faz com que, por um lado, a resistência a antimicrobianos avance menos rápido. Por outro lado, as drogas diminuem o potencial de lucro (e de investimento) por parte das empresas.

O quebra-cabeça data de pelo menos 2004, quando a Sociedade Americana de Doenças Infecciosas divulgou um artigo com  o título, não por acaso, “Bad bugs, no drugs” (“Bichos ruins, drogas em falta”, em tradução livre).

Quase duas décadas depois, a predição do artigo se tornou real. O desenvolvimento da resistência a antibióticos e a falta de medicações eficientes provoca atualmente por volta de 5 milhões de óbitos no mundo ao ano, com informações do consórcio internacional Antimicrobial Resistance Collaborators.


Bactéria. (Foto: Reprodução/Pexels)


Situação pós-Covid

Há ainda o dificultante de que o número, de 2019, se refere a um contexto anterior à pandemia de Covid-19. Depois, a circunstância piorou. A superlotação que o vírus causou em hospitais e o acréscimo da prescrição precipitada de antibióticos fez com que as bactérias super-resistentes se disseminassem ainda mais.

Do meio para o fim de 2022 a tendência foi de a situação voltar ao normal, mas no Brasil, infelizmente, o normal já não era uma situação boa, comparada à de hospitais americanos e europeus, alerta o especialista em infectologista Alexandre Zavascki, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia.

A entrada de novos antibióticos para tratar bactérias multirresistentes é uma exigência que já se sente no Brasil, entretanto há poucas opções em vista.

Foto destaque: Bactéria em análise. Reprodução pexels.

 

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