Mais de dois anos após a Organização Mundial da Saúde declarar a pandemia do novo coronavírus no mundo, a Coreia do Norte luta contra o primeiro surto de Sars-Cov-2 confirmado no país. Neste sábado (21) mais de 200 mil novos casos de pacientes com febre, termo utilizado pela imprensa estatal do país, foram registrados, aumentando a preocupação da população com a onda de Covid-19 iniciada na semana passada.
Assim como a China, a estratégia adotada pelo governo da Coreia do Norte se resumiu a impedir a entrada do vírus no país com o fechamento de todas as suas fronteiras, mas após mais de dois anos sem registrar nenhum caso oficial de contágio pela doença, o país enfrenta um surto de proporções alarmantes. Com uma população de 25 milhões de pessoas o país já registra mais de 2 milhões de casos de ‘febre’, em pouco mais de uma semana, e pelo menos 66 mortes. Os dados, divulgados pela agência de notícias KCNA, não revelam o número de pessoas positivadas para a Covid.
Governo norte-coreano recusou ajuda internacional. (Foto: Reprodução/AFP/KCNA)
Indo na contramão do mundo, o governo norte-coreano ainda não iniciou a vacinação da população e possui capacidade limitada de testes para o novo coronavírus, chegando a testar apenas 1.500 pessoas por semana. O líder do país Kim Jong-un impôs um controle de “emergência máxima” e chegou a afirmar que a propagação da epidemia é a “maior reviravolta que aconteceu no país desde sua formação”.
A falta de infraestrutura médica, escassez de equipamentos e medicamentos, e uma possível crise alimentar têm preocupado especialistas e organizações do mundo todo. Segundo informações divulgadas pela BBC portuguesa, as agulhas de seringas são reutilizadas até enferrujar e as garrafas de cervejas são, por vezes, transformadas em recipientes improvisados para soro.
Liz Throssell, porta-voz do ACNUDH (Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos), pediu as autoridades norte-coreanas a abertura de canais de apoio médico e humanitário, "pedimos às autoridades que facilitem o retorno de funcionários internacionais e das Nações Unidas para ajudar na prestação de apoio, incluindo populações vulneráveis e aqueles que vivem em áreas rurais e de fronteira".
A ACNUDH alertou também sobre o "impacto nos direitos humanos" que o confinamento imposto pelas autoridades possa trazer para os habitantes da Correia do Norte. Enquanto isso, a OMS se preocupa que a disseminação descontrolada do vírus no país possa levar ao surgimento de novas, e mais mortais, variantes do coronavírus.
Foto Destaque: Equipes de limpeza desinfetam ambientes públicos na Coreia do Norte. Reprodução/AFP/Kim Won Jin.