O Brasil registra nos quatro primeiros meses deste ano, o mesmo nível de casos de dengue confirmados oficialmente em 2021. Segundo dados do Ministério da Saúde divulgados nesta segunda-feira (2), foram 542 mil casos até o dia 23 de abril e no ano passado inteiro o país somou 544 mil.
O boletim epidemiológico do governo federal analisa um aumento de 113% nos casos de dengue entre este ano e o de 2021. De acordo com os dados, até 16 de abril, a região Centro-Oeste identificou 920,4 casos a cada 10 mil habitantes, foi a maior taxa de incidência de dengue. O estado de Goiás é o de maior ocorrência de dengue no Brasil com 1.366 casos a cada 100 mil habitantes, o que representa o quíntuplo da incidência nacional (254 casos/100 mil hab).
Os outros estados que também superaram o índice absoluto de casos no ano passado foram Rondônia (5.139), Tocantins (16.846), Maranhão (1.771), Piauí (5.220), Rio Grande do Norte (6.278), Minas Gerais (37.169), Paraná (65.437), Santa Catarina (36.979), Rio Grande do Sul (27.461), Goiás (98.455) e Distrito Federal (29.928).
Curva epidêmica do número de casos prováveis de degue, por semanas epidemiológicas de início de sintomas (Foto: Reprodução/Ministério da Saúde)
A cidade de Votuporanga, localizada em São Paulo, decretou epidemia de dengue em abril. O estado tem mais de 126 mil registros. Goiânia, Brasília e Palmas foram os municípios que mais tiveram ocorrências, com 31.189, 29.928 e 9.080 casos, respectivamente. O Ministério da Saúde confirmou que até o momento foram registradas 160 mortes por dengue no país.
O início do verão de 2021, no final do ano, foi marcado pelas grandes tempestades causadas por fenômenos como o La Niña e as mudanças climáticas. Para o transmissor da dengue, o Aedes aegypti, as chuvas são o cenário ideal para a reprodução. A água parada é o local onde os ovos dos mosquitos nascem para se tornarem larvas e então alcançarem a fase adulta. A bióloga e epidemiologista Cláudia Codeço, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), interpreta a alta dos casos como consequência do clima. "Tivemos um clima especialmente favorável à dengue neste ano, com chuvas intensas e prolongadas", diz Codeço.
Foto destaque: Mosquito 'Aedes aegypti', vetor do vírus da dengue. Reprodução/Pexels