O axolotle, também conhecido como axolote, é uma espécie de salamandra que fica permanecendo na fase de larva, pois não consegue se reproduzir, ficando nesse estado mesmo na fase adulta. E é bastante conhecida pela sua habilidade de reproduzir novamente seu cérebro, repor seus neurônios, entre outras partes de seu corpo.
Axolote. (Foto: Reprodução/Pexels)
Em 1964, estudiosos averiguaram que axolotes adultos podem recuperar partes do cérebro, mesmo se uma grande parte dele for completamente removida. Mas uma pesquisa afirmou que a regeneração cerebral do axolote vai até um limite específico na reconstrução da estrutura do tecido original.
Qual será o nível de semelhança que ele pode atingir ao regenerar seu cérebro depois de lesionado?
Como especialista, Ashley Maynard estuda a regeneração no nível celular. Trabalhando no Laboratório Treutlein do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, imagina-se que os axolotes seriam capazes de regenerar todos os tipos de células existentes no cérebro, incluindo as conexões (neuronais) entre as diversas partes do cérebro.
Recentemente, foi postada uma pesquisa criando um mapa das células que compõem uma parte do cérebro do axolote, respondendo qual é a sua maneira de regeneração e o desenvolvimento cerebral em diferentes espécies.
Por que estudar as células?
Cada grupo de célula possui uma função diferente. Elas podem aprimorar-se em certas funções, porque elas expressam genes diferentes entre si.
Entender quais tipos de células existem no cérebro e o que cada uma faz, ajuda a entender como é o funcionamento do cérebro. E também possibilita que os especialistas façam comparações ao longo da evolução para tentar descobrir as tendências biológicas entre as diferentes espécies.
Um jeito de compreender quais células expressam qual gene respectivo é um método conhecido como sequenciamento de RNA de célula única.
Este instrumento possibilita que os especialistas controlem a quantidade de genes que estão ativos dentro de cada célula de uma amostra específica. Mostrando um uma imagem das células realizando ações no momento da sua coleta.
Este mecanismo é necessário para se entender melhor os tipos de células existentes no cérebro de animais. Mas ainda falta uma parte significativa da questão da evolução do cérebro: os anfíbios.
Cérebros de anfíbios e de seres humanos
Acrescentar os anfíbios a questão evolutiva possibilita que os especialistas compreendam como o cérebro e seus tipos celulares mudam ao longo do tempo, bem como os métodos por trás da regeneração.
Ao comparar dados sobre a espécie axolote com outras, desvendaram que as células do seu telencéfalo exibem forte similaridade com o hipocampo dos mamíferos, que seria a região do cérebro relacionada na composição da memória, e com o córtex olfativo, a região do cérebro envolvida com a parte de sensação de cheiros.
Em uma classe de células do axolote, nós chegamos a encontrar semelhanças com a parte do neocórtex, que seria a região relacionada com funções importantes como percepção sensorial, comandos motores, consciência e linguagem.
Estas semelhanças mostram que essas regiões do cérebro podem ter sido preservadas ou permanecido compatíveis ao longo da evolução, e que o neocórtex dos mamíferos pode ter alguma classe de célula ancestral do telencéfalo de anfíbios.
A pesquisa auxilia a entender melhor o método de regeneração cerebral, principalmente quais os genes envolvidos e como as células se transformam em neurônios. Porém, ainda não se sabe quais sinais externos dão início ao método. E também não se sabe se os processos apontados ainda são acessíveis aos animais que evoluíram posteriormente, como os camundongos e os seres humanos.
Mas não foram os únicos que tentaram responder a questão da evolução do cérebro humano.
O Laboratório Tosches, da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, explorou as múltiplas classes de tipos celulares em outro tipo de salamandra, a Pleurodeles waltl. Já o Laboratório Fei, da Academia de Ciências Médicas de Guangdong, na China, e seus pesquisadores da empresa analisaram a disposição espacial dos tipos de células no prosencéfalo do axolote.
Detectar por completo os tipos de células no cérebro do axolote também auxilia na criação de novos estudos inovadores no campo da medicina regenerativa.
Os cérebros de camundongos e dos seres humanos perderam grande parte da sua competência de reparo ou regeneração. As mediações médicas presentes sobre os danos cerebrais graves se concentram em terapias com células-tronco e remédios para reforçar ou acelerar reparos.
Analisar os genes e a classe de células que possibilitam que os axolotes desempenhem sua regeneração quase perfeita pode ser a chave para melhorar o tratamento de lesões graves e revelar o potencial de regeneração em seres humanos.
Foto destaque: Axolote. Reprodução/Pexels.