Anticoncepcional masculino “Adam” demonstra eficácia em testes clínicos

Implante de hidrogel é o método usado para bloqueio do canal de passagem do esperma que demonstra eficácia por até 24 meses segundo estudos feitos na Austrália

28 abr, 2025

A empresa de biotecnologia Contraline alcançou a fase de testes em humanos (fase 1) de seu novo método contraceptivo para homens, chamado Adam. O Adam não contém hormônios, é um método em que hidrogel é implantado nos ductos deferentes, canais que transportam o esperma, bloqueando sua passagem.

Os resultados foram apresentados na reunião anual da Associação Americana de Urologia neste sábado (26), já com a autorização regulatória para iniciar a fase 2 (fase com 30 a 50 participantes) dos testes clínicos na Austrália, ainda em 2025.

Método da barreira física

O procedimento de implantação do Adam dura cerca de dez minutos e utiliza anestesia local. O gel forma uma barreira física que impede os espermas de passarem, fazendo com que o sêmen ejaculado tenha total ausência de espermatozoides (azoospermia).

Nos estudos iniciais que foram realizados na Austrália com 25 homens, dois participantes com alta contagem inicial de esperma, mantiveram a azoospermia por 24 meses após implantarem o gel.


Paciente homem em atendimento médico (Foto: reprodução/@syda_productions/Freepik)


A Contraline afirma que o hidrogel é solúvel em água e projetado para dissolver no corpo naturalmente após um certo período, permitindo assim a restauração da fertilidade, o colocando como alternativa à vasectomia reversível. Não foram registrados efeitos colaterais graves, apenas efeitos já esperados para outros procedimentos, como a vasectomia sem bisturi.

Alexander Pastuszak, diretor médico da biotech, declarou que o objetivo foi criar uma opção contraceptiva masculina com duração de dois anos, como demandam os consumidores.

Lacunas a serem preenchidas

Mesmo que os resultados iniciais sejam promissores, a iniciativa ainda tem lacunas importantes de dúvidas a serem preenchidas.

Pelos estudos publicados, a reversibilidade do método em humanos ainda não pode ser comprovada. Não se determinou também a duração exata dos efeitos do implante nem os efeitos a longo prazo do bloqueio dos ductos deferentes. Por isso, o Adam ainda não possui autorização para uso comercial e não pode ser considerado uma opção contraceptiva estabelecida.

Foto Destaque: médico fazendo perguntas ao paciente (Reprodução/DragonImages/Alamy Stock Photo)

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