A empresa de biotecnologia Contraline alcançou a fase de testes em humanos (fase 1) de seu novo método contraceptivo para homens, chamado Adam. O Adam não contém hormônios, é um método em que hidrogel é implantado nos ductos deferentes, canais que transportam o esperma, bloqueando sua passagem.
Os resultados foram apresentados na reunião anual da Associação Americana de Urologia neste sábado (26), já com a autorização regulatória para iniciar a fase 2 (fase com 30 a 50 participantes) dos testes clínicos na Austrália, ainda em 2025.
Método da barreira física
O procedimento de implantação do Adam dura cerca de dez minutos e utiliza anestesia local. O gel forma uma barreira física que impede os espermas de passarem, fazendo com que o sêmen ejaculado tenha total ausência de espermatozoides (azoospermia).
Nos estudos iniciais que foram realizados na Austrália com 25 homens, dois participantes com alta contagem inicial de esperma, mantiveram a azoospermia por 24 meses após implantarem o gel.
Paciente homem em atendimento médico (Foto: reprodução/@syda_productions/Freepik)
A Contraline afirma que o hidrogel é solúvel em água e projetado para dissolver no corpo naturalmente após um certo período, permitindo assim a restauração da fertilidade, o colocando como alternativa à vasectomia reversível. Não foram registrados efeitos colaterais graves, apenas efeitos já esperados para outros procedimentos, como a vasectomia sem bisturi.
Alexander Pastuszak, diretor médico da biotech, declarou que o objetivo foi criar uma opção contraceptiva masculina com duração de dois anos, como demandam os consumidores.
Lacunas a serem preenchidas
Mesmo que os resultados iniciais sejam promissores, a iniciativa ainda tem lacunas importantes de dúvidas a serem preenchidas.
Pelos estudos publicados, a reversibilidade do método em humanos ainda não pode ser comprovada. Não se determinou também a duração exata dos efeitos do implante nem os efeitos a longo prazo do bloqueio dos ductos deferentes. Por isso, o Adam ainda não possui autorização para uso comercial e não pode ser considerado uma opção contraceptiva estabelecida.
Foto Destaque: médico fazendo perguntas ao paciente (Reprodução/DragonImages/Alamy Stock Photo)