DataFolha: Avaliação de Lula permanece estável após tarifaço de Trump
A pesquisa, divulgada em 2 de agosto, revela que percepção do governo não sofreu grandes oscilações mesmo diante de tensão com os EUA

A mais recente pesquisa do instituto Datafolha, divulgada neste sábado (2) pelo jornal Folha de S.Paulo, mostra que a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permanece praticamente inalterada em comparação ao levantamento anterior, mesmo após o anúncio do chamado “tarifaço” imposto por Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos e atual candidato republicano à presidência.
De acordo com os dados coletados, 29% dos entrevistados classificam a gestão de Lula como ótima ou boa, enquanto 40% a consideram ruim ou péssima. Outros 29% avaliam como regular, e 1% não soube ou não quis responder.
Números semelhantes aos de junho
Na pesquisa anterior, realizada em 12 de junho, os números eram muito próximos: 28% de ótimo e bom, 40% de ruim e péssimo e 31% de regular. Os índices atuais indicam que, mesmo em meio a uma das maiores crises diplomáticas recentes entre Brasil e Estados Unidos, marcada pela imposição de tarifas comerciais por Trump e pelas respostas do governo brasileiro, a percepção dos eleitores brasileiros sobre o governo federal não sofreu grandes alterações.
Pontuações por renda, raça, gênero e região
Com a pesquisa de 2 de agosto, o padrão geral se manteve: aprovação caiu ligeiramente para 29%, rejeição permaneceu em 40% e avaliação regular chegou a 29%. O gráfico se repete: base de apoio limitada, elevada reprovação e escasso movimento de correção ascendente.
O estudo também detalhou a avaliação por perfil demográfico. Entre eleitores com renda entre cinco e dez salários mínimos, 62% consideram a gestão ruim ou péssima. Nas faixas de renda mais elevadas, o índice de rejeição também se mantém alto. O Sul do Brasil registra 51% de reprovação, enquanto o Nordeste continua com índices de aprovação maiores, embora ainda abaixo da meta saudável para o governo.
Governo Lula é reprovado por 40% (Vídeo:Reprodução/Youtube/CNN Brasil)
Além disso, homens, jovens entre 35 e 44 anos e pessoas com ensino superior são os grupos mais críticos. Eleitores negros e pardos exibem avaliação mais equilibrada, com quase empate entre aprovação e reprovação, o que reforça um quadro de polarização social profunda.
Implicações políticas e econômicas
A estabilização em torno dos 29% de aprovação sugere que Lula não rompeu o teto de popularidade que enfrentava desde junho. O episódio do tarifaço imposto pelos EUA parece não ter gerado impacto imediato, apesar de ter provocado tensão diplomática. A percepção pública se mantém resistente a esse tipo de choque.
Historicamente, a aprovação do presidente está abaixo da registrada em mandatos anteriores: em julho de 2009, por exemplo, Lula chegava aos 69% de aprovação. Atualmente, embora esteja à frente de Jair Bolsonaro na fase equivalente (Bolsonaro tinha 24% em julho de 2021), o índice reflete limitações de consolidação política.
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Post do Presidente Lula no Instagram (Vídeo:Reprodução/Instagram/@lulaoficial)
Analistas políticos avaliam que a estabilidade nos números pode refletir uma polarização consolidada entre apoiadores e críticos do governo. A resposta de Lula ao pacote de tarifas, marcada por um discurso enfático em defesa da “soberania nacional” e pela tentativa de ampliar seu alcance internacional, não pareceu, até o momento, influenciar significativamente a opinião pública de forma negativa ou positiva.
Metodologia da pesquisa
O Datafolha entrevistou eleitores presencialmente em diferentes regiões do país. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa também mostra que a divisão de opiniões sobre o governo Lula continua refletindo um cenário político altamente polarizado, com pouco espaço para grandes viradas de opinião no curto prazo.