Lula defende ‘desdolarização’ de negociações que não sejam com os EUA
Lula propõe que o BRICS use moedas alternativas ao dólar para o comércio entre o bloco, visando maior autonomia e adaptação à geopolítica do ‘Sul Global’

Em suas declarações mais recentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a ideia de que países como os do bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) devem explorar moedas próprias ou até uma moeda comum para o comércio entre si. A proposta, que ganha força em meio a atritos com os Estados Unidos, não busca eliminar o dólar, mas sim oferecer opções para que o Brasil não fique subordinado à moeda americana, especialmente em negociações com outras nações parceiras.
BRICS como plataforma para a mudança
Lula vê o BRICS como o palco ideal para essa discussão. Em uma entrevista, ele questionou a necessidade de o dólar ser a moeda padrão, afirmando que a regra não foi definida em nenhum fórum global. “Temos direito de negociar, por que não posso negociar com a China com as moedas chinesa e brasileira?“, perguntou.
Ele argumenta que o bloco, que representa uma parte significativa da população e do PIB mundial, tem o “tamanho e a postura” para negociar em pé de igualdade com outras potências. A proposta é vista como uma forma de fortalecer o ‘Sul Global’, promovendo um mundo mais multipolar. Para Lula, a ideia de uma moeda de comércio do BRICS precisa ser “testada“, e ele desafia quem discorda a convencê-lo de que está errado.
Lula fala sobre a relação diplomática com os EUA e criação de moeda do BRICS (Vídeo: reprodução/Youtube/CNN)
Lula acredita que é uma tendência inevitável
Embora a proposta de uma moeda BRICS enfrente ceticismo por parte de economistas e desafios práticos, como a volatilidade das moedas, Lula acredita que a redução da dependência do dólar é uma tendência inevitável e um passo necessário para garantir a autonomia do país em um ambiente geopolítico cada vez mais complexo.
A insistência de Lula na ‘desdolarização’ está diretamente ligada ao cenário de tensões comerciais com os Estados Unidos. O presidente criticou o que considera uma tentativa de usar um assunto político para impor tarifas sobre produtos brasileiros, após ameaças do governo de Donald Trump. Lula ressaltou que o Brasil não é uma “republiqueta” e exige ser respeitado.