Espionagem abala iFood e expõe disputa no delivery
Nos bastidores, o delivery enfrenta um ataque invisível que testa os limites da ética e da concorrência; O iFood afirma que mantém sua estratégia protegida e que seguirá investindo no país

O iFood, maior plataforma de delivery do Brasil, revelou estar enfrentando uma onda de espionagem corporativa que tenta obter informações estratégicas da companhia. Segundo o CEO Diego Barreto, executivos das áreas de Negócio, Tecnologia e Comercial foram abordados por supostas consultorias oferecendo pagamentos que chegavam a R$ 5,5 mil em troca de dados sigilosos. O caso foi encaminhado às autoridades e levou a empresa a reforçar protocolos internos de segurança e compliance.
As investidas seguem um padrão: começam com convites aparentemente inofensivos para entrevistas sobre o mercado de delivery e evoluem para perguntas específicas sobre faturamento, modelo de precificação e estratégias de investimento. De acordo com o executivo, mais de 170 mensagens desse tipo foram registradas, mas a estimativa interna é de que o número real ultrapasse 500 tentativas — algumas delas vindas de consultorias baseadas na China.
Disputa acirrada
O setor de delivery no Brasil vive um momento de intensa concorrência e altos investimentos, cenário que atrai o interesse de novos players nacionais e internacionais. Atualmente, o iFood domina cerca de 70% do mercado, mas a retomada do 99Food e a entrada da plataforma chinesa Ketta aumentaram a disputa. Embora nenhuma empresa tenha sido diretamente acusada, o episódio reforça o clima de rivalidade e a busca por vantagem competitiva a qualquer custo.
CEO do iFood Diego Barreto (Foto: reprodução/Instagram/@diegocbarreto)
Para Barreto, o caso ultrapassa a questão de segurança interna e revela um risco maior: o de instaurar um ambiente de “vale-tudo” no setor. Ele destaca que a inovação e o crescimento só têm valor quando construídos de forma ética e transparente.
Mercado em alerta
O iFood afirma que mantém sua estratégia protegida e que seguirá investindo no país — com previsão de aplicar R$ 17 bilhões no próximo ano fiscal. A empresa reforça que o sigilo das informações é essencial não apenas para preservar sua operação, mas também para garantir um mercado saudável e baseado em práticas justas.
A suspeita de espionagem expõe, mais uma vez, o quanto a ética corporativa precisa acompanhar o ritmo da tecnologia e da competição no mundo dos negócios.