Conflito entre Israel e Irã faz petróleo disparar, mas ainda há cautela nos investimentos

Conflito entre Israel e Irã gera alta inesperada e recorde do petróleo, levantando desconfiança aos investidores e ao mercado

14 jun, 2025
Alta no petróleo israelense | Reprodução/David Silverman /Getty images Embed
Alta no petróleo israelense | Reprodução/David Silverman /Getty images Embed

O ataque de Israel às instalações militares e nucleares do Irã, codinome “Operação Leão em Ascensão”, provocou uma forte reação nos mercados globais. Embora, por ora, não tenha havido danos diretos à produção energética iraniana, a tensão já elevou os preços do petróleo a números nunca vistos desde 2022.

Os contratos do Brent e do WTI subiram mais de 10% na madrugada desta sexta(13), impulsionados pelo temor de eventuais cortes no fornecimento via Estreito de Ormuz, passagem estratégica que responde por até 25% do tráfego mundial de petróleo.

Foi registrada a maior alta intradiária desde o pico da invasão russa à Ucrânia, em 2022. Porém, analistas do Citi e da S&P Global sugerem que parte dessas altas se deve à cobertura de posições vendidas e não, necessariamente, a interrupções reais na oferta.

Impactos nos mercados financeiros

Bolsas globais recuaram: o Ibex 35 encerrou com queda de 1,27%, o Euro Stoxx 50 com 1,35%, e as bolsas americanas operaram também com leve baixa. Investidores migraram para ativos considerados seguros como ouro, títulos soberanos e dólar.

Cautela apesar da tensão

A Agência Internacional de Energia (AIE) reforçou que os estoques globais estão bem abastecidos e mantêm reservas estratégicas prontas para intervir se necessário.

A reação futura dependerá crucialmente da resposta iraniana. Se Teerã vai limitar as ofensivas simbólicas, o preço deve voltar a níveis anteriores. Já um eventual fechamento do Estreito de Ormuz, que responderia por cerca de 3,5 a 4 milhões de barris/dia apenas da produção iraniana, provocaria um choque grave.


Ilustração do conflito de Israel e Irã (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)

Especialistas ressaltam que é cedo para afirmar se essa alta será duradoura. O padrão típico de crises geopolíticas recentes aponta para surtos de volatilidade seguidos por correções. O fator decisivo será a intensidade da resposta iraniana, uma reação moderada tende a acalmar os mercados, enquanto ações mais contundentes podem manter os preços elevados.

O ataque israelense reacendeu temores sobre possíveis interrupções no fornecimento energético mundial, elevando a volatilidade, especialmente nos mercados de petróleo, ações e moedas. No entanto, ainda não é motivo para alarme total, os estoques globais permanecem estáveis e o risco real dependerá agora da reação de Teerã.

Contexto das tensões de Israel e Irã

A tensão entre Israel e Irã, que terminou no recente ataque israelense ao Irã, tem raízes profundas e motivos que vêm se agravando nos últimos meses. O principal fator é o avanço do programa nuclear do Irã, que, segundo Israel, tem objetivos militares apesar das alegações iranianas de uso pacífico. A descoberta de novas centrífugas de alta capacidade e a recusa do Irã em permitir inspeções internacionais aumentaram o temor de que Teerã esteja próximo de obter armamento nuclear. Além disso, Israel responsabiliza o Irã por uma série de ataques indiretos realizados por grupos aliados na região, como o Hezbollah no Líbano e milícias xiitas no Iraque e na Síria. A escalada recente foi agravada por um ataque com drones a navios comerciais no Golfo Pérsico, atribuído ao Irã, e por ameaças explícitas contra o território israelense. Esse acúmulo de provocações e desconfianças resultou na ofensiva militar de Israel, reacendendo o alerta global sobre uma possível guerra aberta no Oriente Médio.

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