Weider Silveiro leva o balé para as ruas em coleção inspirada em “Pacarrete”
Inspirado no filme “Pacarrete”, Weider Silveiro transforma o balé clássico em moda urbana e sofisticada, unindo força, leveza e emoção na passarela do SPFW N60

Inspirado no filme “Pacarrete” (2020), de Allan Deberton, o estilista Weider Silveiro apresentou no SPFW N60 uma coleção que transforma o balé clássico em moda urbana, sofisticada e emocional. Longe de ser literal, o desfile propõe uma leitura contemporânea da dança, unindo força e leveza, rigidez e fluidez, elementos que definem tanto o universo da bailarina quanto o olhar do criador.
A referência principal é a história real de Maria Araújo Lima (1912–2005), artista de Russas, no Ceará, cuja trajetória inspirou o longa. Considerada “louca” por sonhar com a arte em uma cidade pequena, a bailarina serve como símbolo de resistência e sensibilidade, sentimentos que atravessam toda a coleção.
Entre o palco e a cidade
Na passarela, Silveiro construiu um diálogo entre a disciplina do balé e o movimento das grandes metrópoles. Vestidos drapeados e franzidos evocam tutus e colants, enquanto blazers e casacos estruturados ganham volumes esculturais criados a partir de fitas de cetim e novos materiais, como o acetato, que substitui o couro tradicional.
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Desfile de Weider Silveiro no SPFW. (reprodução/Instagram/@spfw)
Os decotes em U e quadrados remetem aos figurinos das bailarinas, mas surgem de forma tridimensional, destacando a modelagem precisa do estilista. Entre as peças, aparecem também trench coats, coletões, calças tipo Aladdin e moletons com frases como “He-Man”, “Paris” e “Russas”, uma ponte entre o erudito e o pop.
A cartela de cores reforça essa dualidade: tons de berinjela, mostarda, marrom, laranja queimado e roxo constroem uma atmosfera terrosa e sofisticada. Tudo em tecidos lisos de malha e viscose, pensados para o movimento e o conforto.
Um encerramento simbólico e emocionante
Encerrando o desfile, a performance de Márcia Dailyn, primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo, emocionou o público. Vestida com uma camiseta de Russas, ela trouxe à passarela a energia que conecta arte, corpo e expressão, pilares que sustentam tanto o balé quanto a moda de Weider Silveiro.
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Desfile de Weider Silveiro no SPFW. (reprodução/Instagram/@weidersilveiro)
Com essa coleção, o estilista reafirma seu talento em equilibrar conceito e acessibilidade, criando roupas que contam histórias. O resultado é uma moda que dança entre o clássico e o contemporâneo, sem jamais perder o ritmo da emoção.
Matéria escrita por Lara de Sena no portal InMagazine.