Dendezeiro encerra a coleção ‘Brasiliano’ e redefine o preppy à brasileira

Marca baiana finaliza desfile na SPFW N60 com coleção que reflete suas origens e mistura a estética de peças clássicas com a cultura e história brasileira

21 out, 2025
Modelos vestem looks da coleção “Lei da Vadiagem” | Reprodução/Instagram/@dendezeiro
Modelos vestem looks da coleção “Lei da Vadiagem” | Reprodução/Instagram/@dendezeiro

Na 60ª edição da São Paulo Fashion Week (SPFW), a alfaiataria e identidade se uniram no último desfile da trilogia Brasiliano da marca baiana Dendezeiro, que ocorreu no sábado (18), no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. A coleção, nomeada de Lei da Vadiagem, se inspirou na antiga legislação de mesmo nome e propôs uma reflexão sobre a resistência de corpos historicamente marginalizados, como negros e periféricos, a fim de ressignificar suas histórias por meio da moda e da estética preppy.

Com padronagens clássicas de alfaiataria para criar suas silhuetas de streetwear, os CEOs Hisan Silva e Pedro Batalha, buscaram chamar a atenção do público para o próprio território brasileiro a partir de uma perspectiva periférica, política e identitária. O desfile foi marcado por uma trilha sonora ao vivo colocando o funk no centro da cena e nomes de destaque da moda, da música e das artes, entre eles Mc Cabelinho, Mc Carol, Urias, Jorge Conjota.

O Brasiliano em seu último ato

“A gente transforma a passarela em baile porque entende que celebrar também é um ato político e existir é potência.” afirma Hisan Silva, CEO e Diretor Criativo da Dendezeiro. “Quero que o público saia sentindo que ser ‘brasiliano’ é um gesto de liberdade”.


 Pedro Batalha e Hisan Silva, da esquerda para a direita (Foto: reprodução/Instagram/@hisandeverdade)

A fala de Hisan reflete a intenção do projeto Brasiliano: um gesto contínuo de escuta e tributo às histórias do Brasil. Essa última coleção buscou criar novas relações a moda brasileira e suas influências, a fim de transformar o que era visto como erro em orgulho. Na passarela, a mensagem de um Brasil que foi moldado por mecanismos de exclusão se encontrou com os aspectos da alfaiataria e do streetwear, como blazers e calças de alfaiataria desconstruídos, sobreposições, mix de tecidos e referências afrofuturistas.

O novo preppy

A estética preppy vem de preparatory schools (escolas preparatórias de elite estadunidenses) e traz um estilo inspirados nos uniformes e no estilo de vida dos estudantes. Caracterizada pela alfaiataria, o preppy é composto por peças clássicas, elegantes e bem cortadas, como camisas polo, blazers, suéteres, mocassins, saias plissadas e alfaiataria, frequentemente associado a um visual sofisticado, clean e com um toque esportivo ou náutico. 


Desfile da Dendezeiro na SPFW N60 (Vídeo: reprodução/Instagram/@dendezeiro)

Fugindo do cenário padrão dessa estética, a Dendezeiro trouxe o street de forma modificada junto do artesanato do Ateliê Masanga. Com novas bolsas artesanais de miçangas e outros modelos feitos à mão, a marca reafirmou o valor do fazer manual como gesto cultural e político. A Kenner também foi outra marca que cruzou a passarela da Dendezeiro pela terceira temporada consecutiva na SPFW e está em sintonia com a expressão da cultura e da identidade.

A terceira coleção do Brasiliano simboliza não só a representação de uma das variadas faces do Brasil, mas também das novas versões que produzem acerca delas. Essa proposta reforça a importância de olhar para o próprio território e a marca tem o objetivo de mostrar que o Brasil é direção: um ponto de partida e chegada para criar moda.

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