Ao longo da história, muitas transformações aconteceram na forma de se vestir em consequência do comportamento humano, aliado às movimentações políticas e sociais que as gerações presenciaram. No século 21 não seria diferente. O debate sobre questões identitárias da atualidade é um exemplo de que a moda continua a acompanhar esses movimentos.
Apesar da luta das mulheres para fugir dos padrões sociais parecer interminável, hoje elas se sentem mais seguras para vestirem o que quiserem, independente da classsificação binária do senso comum: "blazer é masculino, saia é feminino". O fato é que a consolidação dessa segurança vem desde muito antes dos looks desconstruídos surgirem nas redes sociais, pois estilistas renomados como Coco Chanel e Yves Saint Laurent já tinham expressado, por meio de suas criações, a liberdade que é poder reconhecer sua identidade ao vestir determinada peça. Coco Chanel deu liberdade às mulheres, enquanto que Saint Laurent deu poder a elas, conforme relata uma edição especial do programa "The Forum", transcrito em publicação no site BBC News.
Esboço Le Smoking 1966; Le Smoking alta-costura por Yves Saint Laurent; Reinterpretação Le Smoking por Vaccarello (Foto: Divulgação/Musée Yves Sain Laurent Paris/Vogue)
Na década de 1920, Chanel criou o tailleur feminino, traje composto por um blazer e calça ou saia, ainda associado aos ambientes executivos, com baixa adesão do público feminino da época. Já o interesse de Saint Laurent, não era apenas tornar a imagem da mulher mais bonita, mas sim adaptá-la ao contexto social da década de 1960, período marcado pela rebeldia e por uma revolução no guarda-roupa feminino. Foi nesse momento que Saint Laurent criou sua peça mais icônica, o smoking, até então muito utilizado pelos homens enquanto se reuniam para fumar após o jantar. A partir daí, macacões, ternos, jaquetas e trench coats também passaram a ser produzidos para os corpos femininos.
Peças masculinas vestidas por mulheres (Fotos: Eloan Anquez/StreeTrends Luiza Brasil/Instagram Fred Othero/Instagram Jaylim/StreeTrends)
A moda de 2023 e futuras tendências mostram que peças atribuídas por muitos anos ao armário masculino já fazem parte da identidade feminina, oferecendo uma variedade de peças que vão desde o estilo da alfaiataria aos mais casuais, sendo possível até misturar os dois em uma única produção. As produções publicadas pelos fashionistas e celebridades, por exemplo, indicam que o blazer oversize, short, gravata, sapato oxford e alfaiataria com tênis são as apostas das últimas tendências para os diferentes gêneros.
Foto Destaque: Look com gravata; Luiza Brasil; Blazer Oversize. Fotos: Modehunter/Instagram; Reprodução/Instagram; Jaylim/Instagram