Na última segunda-feira (16), o diretor criativo Alessandro Michele apresentou para o mundo uma coleção que brilhou com o mesmo poder das estrelas. Batizada como “Cosmogonie”, a cruise 2023 da Gucci desfilou sob o céu estrelado da área externa do Castel del Monte, uma construção cravada nas colinas de Andria, na região da Apúlia, encomendada no século 13 pelo imperador Frederico 2º, do Sacro Império Romano-Germanico.
O local escolhido não poderia ser mais apropriado. A fortaleza foi idealizada para ser o “centro da Terra” e atravessou os séculos envolta em mitos, especula-se que os templários a tenham erguido para que servisse de observatório astronômico. Verdade ou não, 800 anos depois, por uma noite, o lugar foi conquistado por um novo imperador: Alessandro Michele.
Desfile da coleção “Cosmogonie” (Foto: Reprodução/ Gucci)
O diretor criativo colocou os súditos da Gucci aos seus pés ao exibir um dos trabalhos mais complexos de sua carreira. A nova coleção de Alessandro é um estudo sobre cosmogenia e mitos, que teve como uma de suas principais inspirações um texto da filósofa Hannah Arendt sobre Walter Benjamin, também filósofo, e sua conexão com as constelações.
“Para Benjamin, a constelação é uma aparição súbita, cheia de tensões. É aquilo que surge da capacidade de extrair conjunções entre fragmentos de mundos que, de outra forma, estariam dispersos: uma poeira fumegante de citações que queima na possibilidade de um contato”, comentou Alessandro.
A astrologia inspirou a coleção “Cosmogonie” de diversas formas. Ela está presente desde a textura até as estampas das peças. O brilho, por exemplo, foi um dos artifícios escolhidos por Michele para traduzir o tema central de sua criação. Ele surgiu em capas, saias e blusas metalizadas, que, por sua vez, também remeteram ao próprio Castel del Monte, ao exibirem uma estética medieval.
Desfile da coleção “Cosmogonie” (Foto: Reprodução/ Gucci)
Porém, na contramão dos astros, o desfile contou com estampas gráficas, que criaram um contraste entre o místico e o tecnológico. Esse grafismo foi reforçado ainda por produções que, deliberadamente, combinavam duas cores com grande discrepância entre uma e outra, como preto e branco ou preto e vermelho. A Gucci também brincou com períodos de tempo através das golas, em algumas peças elas eram arredondadas e, em outras, pontiagudas.
O fetichismo, uma característica do trabalho de Michele que vem ganhando força como tendência nas últimas semanas de moda e red carpets, apareceu em sandálias, botas pretas com amarrações na frente e na junção do couro com tecidos mais leves, quase transparentes.
Desfile da coleção “Cosmogonie” (Foto: Reprodução/ Gucci)
Os recortes, outra tendência que vem dando as caras desde o ano passado, esteve presente em decotes quadrados e em barrigas à mostras. Até mesmo peças mais formais, como vestidos de festa, receberam aberturas que colocaram a pele para jogo.
O jeans adicionou um toque casual à coleção. Jaquetas e calças do material ganharam um novo ar ao serem combinadas com elementos mais luxuosos, como paetês, rendas, bordados e tule. As pelúcias, que prometem ser a febre da estação, desfilaram em casacos volumosos e coloridos. E, falando em cores, looks monocromáticos reforçaram a elegância da Gucci através de tons como o marrom, roxo e verde.
Foto destaque: Desfile da coleção “Cosmogonie”. Reprodução/ Monica Feudi/ Gucci