Nessa última sexta-feira (26), o serviço de streaming Mubi estreou em sua plataforma o documentário “Ascensão e Queda - John Galliano”, que conta a história do estilista britânico de alta-costura, de nome homônimo ao do título, que atuou durante 15 anos como diretor criativo da Dior e se envolveu em várias polêmicas, incluindo falas antissemitas, que lhe isolaram do mundo da moda em 2011.
O documentário, que possui quase duas horas de duração, foi dirigido por Kevin Macdonald e conta a história do estilista desde a sua ascensão até a queda no mundo da moda. A produção conta ainda com entrevistas especiais de Anna Wintour, Edward Enniful, Kate Moss, Naomi Campell, Charlize Theron e Penelope Cruz, personalidades que tiveram uma convivência próxima com o designer.
Documentário está disponibilizado na plataforma de streaming Mubi (Vídeo: reprodução/Youtube/Fãs de Cinema)
O enredo da produção propõe uma reflexão sobre a dualidade entre o talento e o lado problemático do designer, ao mesmo tempo que conta os vários estágios da vida do estilista.
Ausência de habilidades na costura
John Galliano sempre teve um talento nato com o desenho e o fazia com muita facilidade. Em seus estudos de moda na escola de artes Saint Martin, em Londres, o estilista sempre apresentava desenhos inovadores, mas o mesmo não ocorria quando chegava na etapa da costura. A virada de chave para o desenvolvimento desse ponto fraco, ocorreu quando um professor disse: “Corte da mesma forma que você desenha uma linha”, a partir daí ele conseguiu driblar o obstáculo para o seu pleno desenvolvimento.
Fama imediata
Para o desfile de sua formatura na faculdade, chamado de Les Incroyables (Os Incríveis), John Galliano propôs a utilização de peças vestidas do avesso e sem gênero, o que foi considerado uma ideia revolucionária na época. Após três anos de sua formatura, o estilista já era altamente prestigiado devido às ideias inovadoras que tinha.
Personalidade forte enraizada
A irmã do estilista, Rosemary Galliano, compartilhou no documentário que seu irmão sempre gostou de se destacar em meio as outras pessoas. Na infância, durante as brincadeiras, ele sempre gostava de chamar atenção. O estilista também teve grandes influências relacionada ao estilo oriundas de sua mãe, que sempre gostou de se vestir bem.
John Galliano em desfile de moda da Dior em 2003 (Foto: reprodução/Getty Images Embed/ Victor Virgile/Gamma-Rapho)
Retorno financeiro pouco extravagante
As peças propostas pelo estilista, chamavam muita atenção e resultavam em um sucesso de críticas. No entanto, a excentricidade não gerava um retorno financeiro significativo, pois as peças não eram consideradas aptas para uso. Com isso, grandes nomes da moda se mobilizaram para auxiliar o designer a trazer destaque as suas criações, como, por exemplo, Anna Wintour e a revista Vogue que apoiaram os desfiles do artista e auxiliaram com a compra de materiais.
Além disso, modelos renomadas se propuseram a realizar desfiles para John Galliano, sem receber nenhum cachê, é possível citar a colaboração de modelos como Naomi Campbell, Linda Evangelista e Kate Moss durante o ano de 1994.
Ascensão com a Givenchy
A ascensão do estilista começou quando ele topou ser diretor criativo da Givenchy em 1995. Na época, a marca não despertava grande interesse no mercado. Além disso, o fato de o estilista não ser tradicionalmente francês, pesou como um dos fatores de críticas no ramo. No entanto, superando todas as expectativas, John Galliano conseguiu apresentar uma linha que não só agradou o público, como também abriu portas para o início de sua carreira na Dior, após dois anos de atuação na Givenchy.
John Galliano em 1996 (Foto: reprodução/Getty Images Embed/David Corio/Redferns)
A queda
O estilista passou por uma dependência de álcool e remédios, além de outros problemas de saúde mental que lhe envolveram em várias polêmicas. O ápice do embrolho ocorreu em 2011, quando um vídeo de John Galliano com declarações racistas e antissemitas foi divulgado, resultando em seu desligamento imediato da Dior, um processo na justiça e a perca do prestígio no mundo da moda.
Vídeo do estilista em restaurante com declarações racistas e antissemitas resultou em seu desligamento da Dior em 2011 (Vídeo: reprodução/Youtube/Jornalismo TV Cultura)
Reconstrução
O estilista passou por um processo de reabilitação e em 2014 assumiu o cargo de diretor criativo da grife Maison Margiela. Sua estreia foi bem aceita no mundo da moda, o que proporcionou que ele pouco a pouco recuperasse o prestígio como estilista.
Jonh Galliano permanece no cargo de diretor da Maison até hoje e segue apresentando peças e desfiles de alta aceitação e reconhecimento positivo do público.
Foto Destaque: John Galliano no backstage do The Fashion Awards 2017 (reprodução/Getty Images Embed/ Gareth Cattermole/BFC)