Governo da China alegou que os chips da empresa Intel representam um risco para o país e prometeu proibir o uso dessa tecnologia em todo o território nacional. Como consequência, as ações da companhia norte-americana caíram 2%.
A Cybersecurity Association of China (CSAC), responsável por definir novas diretrizes, realizará uma revisão completa de segurança dos produtos da Intel comercializados na China. A associação afirmou que a empresa estaria “prejudicando constantemente” os interesses e a segurança do país.
Embora o CSAC seja um grupo industrial sem vínculo oficial com o governo, possui uma relação estreita com Pequim, a capital, e sua influência. As acusações contra a Intel, amplamente divulgadas em uma publicação oficial da empresa na plataforma WeChat, ganharam força e podem levar a uma ampla revisão do sistema de defesa contra invasões. Esse processo seria conduzido pelo principal órgão regulador do ciberespaço da China, a Administração do Ciberespaço da China (CAC), aumentando ainda mais a pressão sobre a Intel no país.
Logo da Intel (Foto: reprodução/Bloomberg/GettyImagesEmbed)
Ações caíram
Sem responder prontamente após a solicitação de um comentário sobre o assunto, o órgão CAC contribuiu para a queda de 1,5% nas ações da gigante americana no dia 16, após uma atualização subsequente a uma liquidação de tecnologia, que acabou sendo uma grande decepção.
No ano anterior, a CAC havia decretado a proibição da compra de produtos da fabricante americana de chips de memória, Micron Technology Inc., pelas operadoras de infraestrutura essenciais nacionais, alegando que esses produtos não passaram na revisão de segurança de rede realizada pelo órgão.
Outra revisão, com os mesmos procedimentos que a anterior, poderá prejudicar severamente as receitas da empresa no país, uma vez que o mercado chinês representou mais de 25% de suas vendas no ano passado.
Stand do processor Xeon em conferência Apsara (Foto: reprodução/NurPhoto/GettyImagesEmbed)
Acusações
Todo esse conflito surge em um momento descrito por Washington como uma tentativa de bloquear a modernização de equipamentos militares chineses. Dan Coatsworth declarou: “As relações entre os Estados Unidos e a China estão em um estado delicado, e quanto mais se discute sobre limitações comerciais e tarifas, maior é a chance de o outro lado reagir com retaliação.”
Além das acusações contra os chips da Intel, também há críticas direcionadas aos processadores Xeon, amplamente utilizados em tarefas de inteligência artificial. Alega-se que esses processadores possuem várias vulnerabilidades, sendo permissivos a backdoors supostamente criados pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA).
O grupo industrial ainda acusa esses chips de irresponsabilidade devido à baixa qualidade que apresentam e às falhas no gerenciamento de segurança, o que levanta ainda mais preocupações sobre o impacto dessas tecnologias na segurança e soberania dos sistemas tecnológicos do país.
Foto Destaque: Sede da empresa Intel (reprodução/Robert Noyce/Intel)