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Plataforma X entra em colapso sob o domínio de Elon Musk

Com a debandada em massa de anunciantes da plataforma, o X, cuja receita depende majoritariamente de anúncios patrocinados, corre sério risco de falência no futuro se uma solução não for encontrada

04 Dez 2023 - 17h35 | Atualizado em 04 Dez 2023 - 17h35
Plataforma X entra em colapso sob o domínio de Elon Musk Lorena Bueri

A aquisição da plataforma X (antigo Twitter) pelo empresário Elon Musk em 2022 gerou muita discussão na internet ao ser anunciada, em partes por conta do valor exorbitante que o dono da Tesla pagou pela rede social: cerca de US$ 44 bilhões, ou R$ 216,85 bilhões em conversão direta. Portanto, é de se surpreender que uma plataforma tão consolidada no mercado esteja enfrentando um sério risco de falência, como afirmou Musk durante entrevista na quarta-feira passada (29/11).

Aquisição bilionária, mas conturbada

Musk é conhecido por sua política de diversificação quanto aos ativos em que busca investir, de carros elétricos a foguetes e satélites. O bilionário parece ter um grande interesse em trabalhar com tecnologia de ponta e financiar o desenvolvimento de novas oportunidades nesse setor — não é à toa que ele foi um dos fundadores da OpenAI, criadora do ChatGPT e responsável pela popularização da IA generativa —, mas a aquisição da plataforma X sempre pareceu estranha aos olhos do público.

Na época, Musk argumentou que a aquisição foi feita em busca de valorizar a democracia e a liberdade de expressão, já que o bilionário buscava criar um ambiente onde os internautas pudessem expressar suas opiniões e discutir livremente a respeito de assuntos considerados polêmicos, tal como política. 

A aquisição pareceu ser inteiramente positiva a princípio, com uma maior liberdade de expressão concedida aos usuários que não indicava ser prejudicial ao lucro da plataforma, visto que grandes empresas como a Disney, Apple e a IBM ainda se demonstravam dispostas a fazer anúncios  no rebatizado X. 

Mas sob acusações de propaganda nazista sendo disseminada sem consequências e outros crimes de ódio cometidos pelos usuários da rede, que evidentemente não souberam usar da liberdade de expressão concedida pela plataforma da maneira correta, acabaram criando um precípicio de conflitos de interesse entre Musk e essas grandes empresas, que cortaram suas parcerias com a rede social. 

Possível falência 

A partir daí surgiram discussões intermináveis a respeito da possível falência da plataforma, que parece estar com dificuldade para justificar os custos de operação com um número cada vez menor de patrocinadores e anunciantes. Elon Musk, que atuava como CEO da rede social até pouco tempo atrás, também está dificultando a própria situação, dando declarações acaloradas durante entrevistas e até mesmo usando palavrões e xingamentos para expressar sua frustração com as empresas. 

Durante evento promovido pelo New York Times na última quarta-feira, por exemplo, o bilionário disse: “Se quiserem me chantagear com anúncios, com dinheiro… vão se f****. Não anunciem”, em relação às empresas que cortaram seus contratos com a plataforma X nos últimos meses, gerando um “boicote”. 


Musk durante evento promovido pelo New York Times, falando sobre a plataforma X (Foto: reprodução/Getty Images/BBC/G1)


Pode não parecer algo grave, mas o X sempre foi um serviço primariamente gratuito aos usuários e que depende do dinheiro de anunciantes para sustentar o custo dos servidores e do desenvolvimento da plataforma, que não é barato. Ano passado, por exemplo, cerca de 90% da receita da rede social veio diretamente das empresas pagando para promover anúncios aos usuários da plataforma. 

Portanto, não é surpreendente que Musk esteja tentando encontrar outras formas de monetizar o X, como a recém-anunciada assinatura premium que conta com recursos inéditos, tal como a utilização da nova inteligência artificial que será integrada à plataforma, mas de uso exclusivo aos usuários pagantes.

Durante a entrevista ao New York Times, o bilionário também mencionou que a empresa pode acabar falindo por conta do boicote dos anunciantes, deixando bem claro a gravidade da situação. 

Reviravolta no futuro 

Os especialistas de mercado também não estão exatamente positivos quanto às chances do X em recuperar parte desses anunciantes perdidos, principalmente depois da reação intensa de Musk. O ataque direcionado do bilionário prejudicou ainda mais  as relações entre ele e seus antigos parceiros de negócios, ao ponto de que um possível retorno seja inegociável, mesmo que Musk tente repensar algumas  de suas políticas e volte a policiar o conteúdo publicado no X com maior rigor. 

Para Mark Gay, diretor de clientes na empresa de consultoria Ebiquity, não parece que alguma das empresas que deixaram a parceira com o X tenham intenção de voltar, pelo menos no futuro próximo. 

E o que isso diz a respeito do futuro do X? A situação realmente não está positiva. Em 2022, a empresa faturou cerca de US$ 4 bilhões em publicidade e esse número deve cair para  US$ 1,9 bilhão ao fechamento deste ano fiscal, segundo a Insider Intelligence. É possível que o número caia ainda mais em 2024. 

Mesmo já tendo cortado custos com a demissão de milhares de funcionários desde a aquisição por Musk, é possível que a empresa enfrente falência caso o empresário não consiga encontrar uma nova fonte de renda para sustentar os gastos. 

Foto destaque: Homem segurando celular com a conta pessoal de Elon Musk no X, sob fundo com a foto do mesmo. (Reprodução/AFP/Olivier Douliery/R7)

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