Na quarta-feira (7), a Netflix revelou planos de renovar a interface do seu aplicativo de TV e incorporar inteligência artificial (IA) generativa na versão móvel para iOS, facilitando pesquisas por conteúdo por meio de linguagem natural, como frases de conversação simples.
As novidades ocorrem em um momento em que a empresa tenta preservar e ampliar sua fatia de mercado diante das crescentes incertezas econômicas e preocupações acerca de uma possível recessão nos EUA, que poderia diminuir os gastos dos consumidores.
As novidades
A empresa pretende redesenhar a página inicial do app de TV, oferecer recomendações mais personalizadas, além de reposicionar as opções de pesquisa e “Minha Lista” na parte superior da interface, tornando-as mais acessíveis para os assinantes.
Ainda nas próximas semanas, a Netflix planeja lançar atualizações na experiência móvel, incluindo testes de um feed vertical com trechos de programas e filmes, concedendo aos usuários tocar para assistir à versão completa.
A nova ferramenta de pesquisa com IA para dispositivos móveis permitirá que os assinantes busquem conteúdo usando frases conversacionais, como “Quero algo engraçado e animado”.
Consequências das ações de Trump
Depois do anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de aplicar tarifas elevadas sobre filmes produzidos no exterior, as ações da Netflix sofreram uma queda de aproximadamente 4%, passando a valer cerca de US$ 1.113 (R$ 6,29 mil) cada. Essa foi a maior baixa diária desde 4 de abril deste ano.
Presidente dos EUA, Donald Trump. (Foto: Reprodução/Stefani Reynolds/Bloomberg/Getty Images Embed)
No domingo (4), Trump afirmou que imporá uma tarifa de 100% sobre qualquer filme estrangeiro que entre nos EUA, alegando que produções internacionais representam uma “ameaça à segurança nacional”. Até então, as ações da Netflix eram vistas como relativamente seguras em meio à instabilidade das tarifas, especialmente em comparação com outras empresas do setor tecnológico.
Após os resultados trimestrais, analistas do Bank of America comentaram que a situação da Netflix é “previsível em um mundo imprevisível”.
Até o encerramento do mercado na sexta-feira (2), as ações da Netflix haviam registrado uma valorização de 30% em 2025, desempenho superior ao de outras gigantes de tecnologia do grupo FAANG (acrônimo que caracteriza as cinco maiores empresas tecnológicas dos EUA):
- Facebook, atualmente Meta (+2%), Amazon (-13%), Apple (-18%) e Google, agora Alphabet (-13%).
Outras empresas de streaming também sofreram com a notícia:
- Ações recuaram: Disney (-2%), Warner Bros. Discovery, controladora da Max (-3%).
- Ações desvalorizadas: Paramount Global (-2%) e Comcast, controladora da Universal Pictures (-1%), todas acima do impacto do índice S&P 500, que caiu menos de 1%.
Com a desvalorização, o valor de mercado da Netflix caiu aproximadamente US$ 20,4 bilhões (R$ 115,2 bilhões). Esse montante quase equivalente à avaliação total da Warner Bros. Discovery, estimada em US$ 20,5 bilhões (R$ 115,8 bilhões).
Dilemas e incertezas no setor
De forma diferente de mercadorias, que têm tarifas específicas na entrada pelos portos americanos, filmes e conteúdos audiovisuais representam serviços com uma estrutura tarifária mais complexa. “Ficam dúvidas sobre se a tarifa se aplicaria só a filmes ou também às séries de streaming, efeitos visuais, coproduções ou financiamentos internacionais. Há um alto grau de incerteza”, afirmou Henning Molfenter, ex-diretor do estúdio alemão Babelsberg e produtor de filmes como “O Pianista” e “Capitão América: Guerra Civil”, ao The Hollywood Reporter.
Ao contrário das mercadorias, sobre as quais se aplica imposto ao entrarem pelos portos americanos, filmes representam um serviço com uma estrutura tarifária mais complexa. “Seriam apenas os filmes ou também séries de streaming? E os efeitos visuais, coproduções, financiamentos internacionais para o cinema? Há um nível elevado de incerteza”, afirmou Henning Molfenter, ex-diretor do estúdio alemão Babelsberg (que produziu os filmes “O Pianista” e “Capitão América: Guerra Civil”), em entrevista ao The Hollywood Reporter.
Site da plataforma Netflix na tela de cadastro. (Reprodução/Netflix)
Conforme a pesquisa de mercado da Ampere Analysis, em 2024, mais da metade (51%) dos investimentos da Netflix com conteúdo foi direcionado para produções realizadas fora da América do Norte. Além disso, aproximadamente 70% dos assinantes pagos da plataforma vêm de países de fora dos EUA e Canadá. Entre os títulos mais populares do streaming entre o público americano recentemente estão séries produzidas fora dos EUA, como o drama britânico “Bridgerton” e a sul-coreana “Round 6 (Squid Game)”.
Foto destaque: pessoa segurando controle remoto apontando para a TV. (Reprodução/Freestocks/Unsplash)