O sócio da consultoria McKinsey, Julian Sevillano, subiu ao palco na Bolsa de Valores de Nova York, em julho deste ano, para discutir as capacidades da tecnologia blockchain, enfatizando que ela vai além do mercado de criptomoedas, que tem sido marcado por diversos escândalos.
Apesar do discurso otimista de Sevillano, as criptomoedas, incluindo bitcoin, ether e solana, bem como outras mais de 10 mil variedades, estão atualmente cerca de 60% abaixo do seu pico em novembro de 2021, resultando em uma perda massiva de valor de mercado, que chega a US$ 2 trilhões (R$ 10 trilhões).
Discurso de Sevillano
Apesar das plataformas de criptomoedas serem frequentemente atacadas por hackers e suas principais empresas enfrentarem pressões regulatórias, Sevillano reiterou que a tecnologia subjacente a essas moedas digitais permanece robusta e tem um futuro brilhante. Ele enfatizou que estamos falando de blockchain, não apenas criptomoedas, e que essa tecnologia oferece aplicações práticas e reais.
Ele explicou conceitos-chave, como "contratos inteligentes" (transações executadas automaticamente) e descreveu como ativos financeiros tradicionais, como ações, títulos e propriedades, poderiam ser "tokenizados" com códigos blockchain, permitindo transferências globais em segundos, em contraste com as horas ou dias que atualmente levam.
Apesar do entusiasmo de Sevillano, a adoção da tecnologia blockchain tem sido lenta, e muitos desafios e debates persistem, lembrando que, embora a tokenização possa ser o futuro dos serviços financeiros, ainda está longe de se concretizar plenamente.
Julian Sevillano (Foto: reprodução/DACFP)
Tecnologia de tokenização
A tecnologia blockchain continua a promover pagamentos em tempo real, em qualquer ponto do globo, a custos mínimos. Além disso, oferece ferramentas para salvaguardar identidades e informações pessoais de interferências de órgãos reguladores e corporações. Ela também representa uma salvaguarda contra políticas governamentais que possam resultar em inflação. A tokenização, que envolve a criação de ativos digitais representando ativos reais, como imóveis, arte, títulos e propriedade intelectual, também está incluída nos potenciais benefícios.
Um relatório de 2015 da divisão de capital de risco do Banco Santander afirmou que a tecnologia de contabilidade distribuída poderia economizar entre US$ 15 bilhões e US$ 20 bilhões em custos bancários relacionados a pagamentos transfronteiriços, negociação de títulos e conformidade regulatória até 2022. No entanto, até o momento, essas projeções não se materializaram.
Cenário empresarial
Enquanto muitas empresas, desde a BlackRock até o Goldman Sachs, demonstram interesse na tokenização, a questão da interoperabilidade e liquidez continua sendo um desafio significativo. Bancos e empresas frequentemente fazem parcerias para emitir tokens, mas a falta de progresso efetivo após essas parcerias tem sido evidente.
A única aplicação da tokenização que obteve sucesso moderado são as stablecoins, criptomoedas projetadas para manter seu valor estável em relação a uma moeda como o dólar. No entanto, o mercado de stablecoins ainda é predominantemente usado para negociações especulativas em bolsas não regulamentadas de criptomoedas. Tether, uma das principais stablecoins, tem um valor total significativo, mas sua falta de transparência regulatória levanta preocupações.
Apesar dos obstáculos, o interesse na tokenização continua crescendo, com instituições financeiras, como o Citi e a Bolsa de Valores de Londres, explorando maneiras de implementar essa tecnologia para tornar transações mais eficientes e seguras.
Foto Destaque: representação de um token (Reprodução/LinkedIn)