A plataforma de anúncios segmentados do Facebook pode mudar em breve, graças à queixa da ONG Global Witness, que descobriu através de testes simples que o sistema comandado por Mark Zuckerberg mostra ofertas de emprego para usuários de forma discriminatória, com base em gênero e idade.
Os anúncios que vemos no Facebook dependem dos dados que ele coleta sobre os seus usuários, tanto dentro quanto fora da plataforma. Usando milhares de informações, que incluem características como idade e sexo, a plataforma traça o perfil de cada pessoa, para cobrar dos anunciantes pela capacidade de entregar anúncios de forma segmentada nos feeds.
Mas o que acontece quando esse anúncio não tem especificações quanto a gênero ou idade? A Global Witness intentou descobrir, com um modelo de investigação que poderia ser feito por qualquer um: anunciando vagas de emprego. Primeiro criaram uma vaga que excluía mulheres, e outra que deixava pessoas acima dos 55 anos de fora. Aceitaram os termos da política não discriminatória do Facebook e, mesmo assim, os anúncios foram aprovados pela rede social. Os anúncios foram retirados antes da publicação.
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Depois, foram mais longe, anunciando empregos reais, com vagas para mecânicos, enfermeiros, pilotos e psicólogos, mas sem solicitar nada além de que o público-alvo fosse do Reino Unido. Com o avançar da publicação, perceberam que a vaga para mecânicos foi anunciada em perfis de homens em 96% das vezes, enquanto a para enfermeiros, mostrada para mulheres em 95% dos casos. 75% dos homens receberam o anúncio para o cargo de piloto e 77% das mulheres, o de psicólogo.
Isso significa que o algoritmo do Facebook age de forma discriminatória. Há uma regulamentação nos EUA e no Canadá, desde 2019, para impedir que anunciantes direcionem ofertas de emprego, moradia e crédito baseados em gênero, idade ou CEP e a ONG pede que ela seja estendida ao restante do mundo.
Tela de entrada do Facebook. (Foto: Reprodução/Tobias Dziuba/Pexels)
“Nosso sistema leva em consideração diferentes tipos de informação para tentar servir às pessoas anúncios nos quais estarão mais interessadas, e estamos revisando as conclusões neste relatório”, disse um porta-voz do Facebook. Sobre ampliar a regulamentação para o resto do mundo, ele afirmou: “Planejamos ter uma atualização nas próximas semanas.”
A Global Witness concluiu que mudar apenas a política de segmentação dos anúncios não é suficiente para conter a discriminação, mas que é “um começo”.
(Foto destaque: algoritmos do Facebook são discriminatórios - Reprodução/Luca Sammarco/Pexels)