Dados divulgados em um artigo realizado por especialistas de universidades britânicas, e publicado como parte do IEEE European Symposium on Security and Privacy Workshops, relatam que a Inteligência Artificial (IA) tem capacidade de descobrir senhas mesmo que através do som das teclas usadas. No estudo, os pesquisadores criaram um modelo que consegue decifrar, com uma precisão surpreendente, as senhas através dos barulhos emitidos ao digitar uma tecla e que pode ser identificada mesmo que em chamada de vídeo pelo Zoom.
A capacidade da Inteligência Artificial aumentou na mesma medida que plataformas, como o Zoom, evoluíram e incorporaram ferramentas como microfones, o que possibilitou as chances bem sucedidas de ciberataques.
IA consegue decifrar senhas através de sons emitidos pelo teclado (Foto: Reprodução/Época Negócios)
Testes
Os testes que identificaram os sons foram realizados em um MacBook Pro, onde os pesquisadores chegaram a pressionar todas as teclas existentes no aparelho 25 vezes cada, alternando as pressões empregadas e os dedos utilizados.
Os sons dos teclados foram gravados durante uma chamada do Zoom e de um celular posicionado próximo ao teclado. A gravação então foi direcionada ao sistema de machine learning, que passou a identificar e reconhecer os barulhos emitidos a cada tecla pressionada.
O resultado final dos testes demonstra que o sistema consegue descobrir 95% das teclas pressionadas quando as gravações eram realizadas pelo celular e 93% em gravações realizadas em chamadas de vídeo como o Zoom.
Como se proteger
Embora ainda não exista nenhum relato de pessoas que tenham sido vítimas do sistema machine learning, é importante que todos os internautas comecem a se proteger, já que existe um estudo demonstrando essa possibilidade cada vez mais avançada de ciberataque.
A principal recomendação divulgada é a utilização de senhas que usam letras maiúsculas e minúsculas, com alternância entre elas de forma aleatória. Isso porque, segundo o artigo, o sistema não conseguiu identificar quando a pessoa solta a tecla Shift do teclado.
Ainda existem outras possibilidades para tentar driblar a IA, como a autenticação em dois fatores para que os criminosos não consigam ter acesso aos dados somente com as senhas, o uso de sons artificiais de teclas enquanto se digita as senhas, em uma tentativa de camuflar os verdadeiros sons, a ativação de biometria, silenciar os microfones quando houver necessidade de digitar algo sigiloso durante as reuniões de vídeo e por último, mesmo que não mencionado nos artigos, o uso de gerenciadores de senhas, que deixam as senhas já guardadas no aparelho sem que precisem ser digitadas novamente.
Foto destaque: Ilustração de um ciberataque. Reprodução/Sergey Nivens/Shutterstock
