Cientistas da NASA apresentaram os resultados de um estudo que sugere a presença de oceanos de água líquida em 17 exoplanetas, isto é, planetas que estão fora do Sistema Solar. A pesquisa, liderada pela renomada geofísica Lynnae Quick, utilizou uma abordagem inovadora, analisando a atividade dos gêiseres desses planetas para identificar potenciais reservatórios de água sob camadas espessas de gelo.
Zona habitável
Os exoplanetas em questão foram estudados por meio de telescópios, focalizando-se em erupções de água que rompem as crostas congeladas em suas superfícies. "Nossas análises preveem que esses 17 mundos podem ter superfícies cobertas de gelo, mas recebem aquecimento interno suficiente da decomposição de elementos radioativos e forças de maré de suas estrelas hospedeiras para manter os oceanos internos", explicou Quick.
Ao contrário da abordagem convencional, que se concentra em exoplanetas na zona habitável de suas estrelas, onde a água líquida pode existir na superfície, este estudo considera a possibilidade de oceanos subsuperficiais em planetas distantes das estrelas, assemelhando-se aos satélites Europa e Encélado de Júpiter e Saturno, respectivamente.
Na zona habitável do Sistema Solar, apenas a Terra é um planeta que possibilita a presença de água líquida (Foto: reprodução/Zarco/Wikimedia Commons)
Europa e Encélado
Os cientistas usaram Europa e Encélado como modelos para estimar as temperaturas desses exoplanetas e projetar a espessura das camadas de gelo em suas superfícies. Com isso, foi descoberta camadas de oceano próximas à superfície de exoplanetas como Proxima Centauri b e LHS 1140 b.
"É mais provável que os telescópios detectem atividade geológica nos oceanos destes planetas", adiantou Quick, apontando para uma atividade de gêiseres potencialmente milhares de vezes superior à da lua Europa. Esta descoberta sugere que, além da temperatura superficial, a análise do brilho desses exoplanetas pode revelar informações cruciais sobre sua composição e potencial para abrigar vida.
Mesmo em casos em que não é possível observar diretamente o trânsito do exoplaneta diante de sua estrela, telescópios avançados podem medir a luz refletida, especialmente quando a água dos oceanos aquece e os gêiseres emitem partículas geladas, tornando o planeta mais brilhante e facilitando a análise dos cientistas.
Foto destaque: A possibilidade de vida ocorre por conta dos oceanos abaixo da superfície de gelo (NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute/CNN Brasil)