Vazio cósmico pode ser a resposta sobre a expansão acelerada do Universo
A possibilidade da Via Láctea estar próxima a um vasto vazio cósmico pode garantir que os modelos cosmológicos de estudos atuais precisam ser aprimorados

Durante o Encontro Nacional de Astronomia (NAM) deste ano, foi levantada a hipótese sobre a galáxia onde vivemos, estar “próxima do centro de um grande vazio local”, uma forma de explicar algumas pesquisas que não batem resultado sobre o Universo e sua expansão.
Dentro dos estudos da astronomia e cosmologia, existe a Tensão de Hubble, uma tentativa científica de medir a velocidade com que o Universo segue se expandindo no agora. Nas pesquisas recentes, o resultado obtido mostra galáxias se afastando muito mais rápido do que o previsto nos cálculos cosmológicos anteriores. Quando astrônomos usam o Universo primordial, quando tinha 380 mil anos apenas, os valores não se assemelham ao observar o Universo hoje e em ambos os estudos, não há nem mesmo os mesmos elementos para comparar.
A possibilidade de a galáxia estar em um “grande vazio”, traz o fato de que, dentro desse espaço, a matéria que antes estava sendo puxada pela gravidade, uma hora seria expelida para fora, logo, uma região que continuamente é esvaziada, segue cada vez mais vazia.
Vazio não vazio
Como a tradução mais próxima da própria palavra, em português “vazio” acaba trazendo a ideia de que não há nada nestes espaços, que por sua vez não vem da palavra “empty” em inglês e sim “void”, tratando-se de regiões isoladas com matérias dispersas e não uma completa ausência, como “vazio” dá a entender.
Esses “voids” sempre são levados em direção as estruturas mais densas da teia cósmica, o grande espaço do Universo observável. Na teia cósmica, aglomerados e galáxias se conectam por matéria escura e gás. Se a Via Láctea está próxima a este espaço, então duas velocidades diferentes seriam captadas durante a Tensão de Hubble: a velocidade cósmica normal, chamada de recessão; e uma velocidade causada pela região vazia, uma força gravitacional mais densa do que as outras.
Demonstração de quase 2 bilhões anos luz do vazio onde a Terra se localiza (Foto: reprodução/Moritz Haslbauer & Zarija Lukic/NASA)
Com as discussões atuais sobre o vazio, o astrofísico Indranil Banik garante que a tensão de Hubble não será resolvida dentro do modelo padrão cosmológico se a hipótese estiver correta.
Vasto vazio cósmico
Para que a teoria seja confirmada, uma equipe de cientistas planeja utilizar métodos independentes e estudar os dados apresentados por Banik durante sua palestra no NAM. Um dos métodos inclui estudar galáxias inativas, espaços onde estrelas não são mais formadas, utilizando-as como cronômetros cósmicos disponíveis para cálculos da expansão do Universo.
“Estamos tentando avaliar se a tensão do Hubble persiste até altos desvios. Ou seja, se, quando o Universo tinha talvez cerca de metade do tamanho e idade, a taxa de expansão estava mais alinhada com o modelo cosmológico padrão” explicou Indranil.
Se for possível confirmar a tese levantada por Banik, a forma padrão da tensão de Hubble cairia como um efeito restrito a épocas tardias do Universo, encontrando evidências que os modelos cosmológicos usados atualmente, contém limitações que podem ser revertidas e melhoradas.