Sua caixa de entrada está cheia de spam, sua caixa de correio transborda de mensagens indesejadas, e agora seu navegador enfrenta um novo inimigo: o "slop". Esse termo recém-cunhado refere-se ao conteúdo gerado por inteligência artificial que é automaticamente carregado na web, mas raramente oferece valor real ao usuário.
O "slop" se diferencia de um chatbot porque não é interativo e geralmente não responde as perguntas ou necessidades dos leitores. Sua função principal é criar a ilusão de conteúdo humano, lucrar com receitas de publicidade e atrair a atenção dos mecanismos de pesquisa para outros sites.
Fatores
A economia da Internet, impulsionada por modelos de IA (Inteligência Artificial), facilita a geração de grandes quantidades de texto e imagens automaticamente. Isso gera respostas para praticamente qualquer consulta de pesquisa, inundando a web com paisagens e histórias infinitas que são compartilháveis e virais. Mesmo que apenas alguns usuários cliquem nos anúncios ou compartilhem os memes, o custo da criação desse conteúdo se paga.
Com a crescente dificuldade de distinguir a realidade do genérico, ficou cada vez mais comum a prática de 'slop' nas redes (Foto: reprodução/Divulgação/Getty Images Embed/Kirill Kudryavtsev)
O problema do "slop"
Contudo, o impacto global do "slop" é negativo. O tempo e esforço perdidos pelos usuários que precisam filtrar o lixo para encontrar conteúdo de qualidade superam os lucros obtidos pelos criadores do conteúdo automatizado. Especialsitas afirmam que ter um nome para isso é muito importante, pois oferece as pessoas uma maneira concisa de falar sobre o problema.
Antes do termo "spam" se popularizar, nem todos percebiam que mensagens de marketing indesejadas eram prejudiciais. O que se espera é que o termo "slop" tenha um impacto semelhante, destacando o comportamento inadequado de gerar e publicar conteúdo não revisado produzido por IA.
Exemplos notáveis do problema incluem um artigo gerado pela IA da Microsoft Travel que listava o "banco de alimentos de Ottawa" como uma atração turística na capital canadense.
O conteúdo gerado por IA não se limita a texto. No Facebook, imagens bizarras como Jesus Cristo com camarões no lugar dos membros e crianças em carros de garrafas plásticas circulam amplamente, angariando milhares de compartilhamentos.
A Meta, empresa controladora do Facebook, anunciou que a rede social está treinando seus sistemas para identificar conteúdo produzido por IA, a medida que a diferença entre conteúdo humano e sintético fica confusa, as pessoas querem saber onde está a fronteira.
Impactos do problema
As agências de publicidade, principal fonte de receita das redes sociais, estão começando a sentir o impacto negativo do "slop". Mencionam que os usuários têm erroneamente sinalizado anúncios legítimos como lixo gerado por IA, o que poderia prejudicar a indústria de mídia social se essa tendência continuar.
Combater o spam nas caixas de entrada exigiu um esforço intersetorial massivo e uma mudança fundamental na natureza do e-mail. Provedores de webmail, como o Gmail, monitoram agressivamente suas plataformas para reprimir spammers e utilizam sistemas complexos de IA para detectar spam.
Porém, o futuro do "slop" parece mais sombrio, com grandes empresas como Google integrando respostas feitas por IA diretamente nos resultados de pesquisa.
Apesar das garantias de segurança do Google para suas novas "visões gerais de IA", o "slop" continua a se espalhar por outras áreas da web. A medida que a fronteira entre o conteúdo humano e o sintético se torna cada vez mais nebulosa, a internet enfrenta o desafio crescente de manter a qualidade e a autenticidade de suas informações.
Foto Destaque: Imagem gerada por Inteligência Artificial, representando um cachorro humanizado (Reprodução/Divulgação/Copilot/Tenoriobrb)