Foi constatado que a levedura de cerveja possui a capacidade de produzir eletricidade, porém, enfrenta desafios relacionados à sua eficiência e às demandas específicas dos substratos para a geração de energia. Uma equipe de cientistas do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Lausanne (EPFL) alcançou um marco ao produzir eletricidade a partir de uma bactéria comum, a Escherichia coli, ou E. coli, conhecida por sua presença em infecções urinárias e no trato gastrointestinal.
Conforme relatado pelo portal Science Alert, a pesquisa ressalta que, embora haja micróbios exóticos que geram eletricidade de forma natural, eles só conseguem fazê-lo na presença de produtos químicos específicos. A notável característica da E. coli é sua capacidade de prosperar em uma ampla variedade de ambientes, o que possibilita a produção de eletricidade em diversos cenários, incluindo o tratamento de águas residuais.
Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Lausanne. (Foto: reprodução/Uni24k)
Genoma da E. coli
Para alcançar esse feito, os cientistas modificaram o genoma da E. coli, incorporando instruções para complexos protéicos encontrados na Shewanella oneidensis, uma das bactérias patogênicas mais conhecidas por gerar eletricidade. Essa fusão de elementos possibilitou dobrar a eletroatividade da E. coli. No entanto, é importante notar que essas experimentações iniciais foram conduzidas em ambiente laboratorial, e ainda não se pode afirmar se a tecnologia é viável em ambientes industriais.
Testes
Os testes foram conduzidos utilizando águas residuais de uma cervejaria em Lausanne, Suíça. As cervejarias necessitam tratar a água utilizada para limpar grãos e esvaziar tanques antes de descartá-la, devido à presença de uma mistura de açúcares, amidos, álcoois e leveduras que podem favorecer o crescimento de micróbios indesejados se lançada sem tratamento.
O pesquisador à frente da pesquisa, Ardemis Boghossian, destacou que as bactérias criadas por meio de técnicas de bioengenharia conseguiram proliferar rapidamente ao se alimentarem desses resíduos. Isso se diferencia da S. oneidensis, que foi utilizada como referência, e não demonstrou a mesma capacidade de digestão dos resíduos. Este avanço pode abrir portas para uma forma mais eficaz e versátil de produzir eletricidade a partir de bactérias em ambientes variados.
Foto Destaque: Bactéria produzindo eletricidade. Reprodução/Amy Cao/Revista Galileu.