Recentemente, pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, detectaram uma partícula de raio cósmico de energia ultra-alta, indicando ser uma ocorrência extraordinariamente rara e possivelmente originária de fora da Via Láctea. O Telescope Array, um observatório de raios cósmicos situado no deserto ocidental de Utah, foi instrumental nessa identificação.
Denominada "Amaterasu" em referência à deusa do sol na mitologia japonesa, a partícula foi identificada através dos 507 detectores de superfície do Telescope Array, abrangendo uma área de 700 quilômetros quadrados. A energia dessa partícula subatômica, imperceptível a olho nu, é equiparada a deixar cair um tijolo da altura da cintura no dedo do pé, conforme detalhado em um estudo publicado na revista Science pelos pesquisadores.
Telescope Array (Foto: reprodução/Yomiuri Shimbun/Nature)
Origens obscuras
Esta partícula apresenta uma energia que a equipara à famosa "Oh-My-God", identificada em 1991 como o raio cósmico mais energético já registrado até então. Os raios cósmicos, partículas carregadas em movimento pelo espaço, frequentemente atingem a Terra. A Amaterasu, notável por sua energia ultra-alta, é considerada excepcional e suspeita-se que provenha de outras galáxias e fontes extragalácticas.
Apesar de extensas investigações ao longo de décadas, as origens exatas dessas partículas de alta energia continuam a ser enigmáticas. Embora haja suspeitas de uma conexão com fenômenos cósmicos intensamente energéticos, como buracos negros, explosões de raios gama e núcleos galácticos ativos, as descobertas atuais sugerem a possibilidade de essas partículas surgirem de regiões desprovidas de eventos celestes violentos.
Vazio Local e o Telescópio Array
O Vazio Local, uma região desocupada do espaço próxima à Via Láctea, é apontado como o possível ponto de origem da partícula Amaterasu. O desafio enfrentado pelos cientistas reside em compreender como partículas com tal nível de energia podem surgir em áreas aparentemente carentes de fenômenos capazes de criar tais condições.
O observatório de raios cósmicos, Telescope Array, em funcionamento desde 2008, desempenhará um papel central na continuação da investigação desses enigmas cósmicos. O projeto de expansão do array, que prevê a incorporação de 500 novos detectores, busca ampliar as capacidades de detecção, proporcionando uma visão mais abrangente das chuvas de partículas desencadeadas por raios cósmicos em uma área de aproximadamente 2.900 quilômetros quadrados.
Foto Destaque: representação de raios cósmicos (Reprodução/Metranca)