No início deste mês, a Apple revelou seu novo headset de realidade misturada, chamado Vision Pro, junto de uma série de lançamentos de produtos que promete ser a mais ambiciosa em tempos. Tim Crook, que é o CEO da Apple, apresentou o Vision Pro na conferência anual de devs da empresa, estipulando o preço inicial de US$ 3.499 (aproximadamente R$ 17 mil). O produto é capaz de combinar realidade virtual e realidade aumentada, sendo assim um “produto revolucionário”, de acordo com Crook. O headset pode ter a capacidade de mudar a forma como as pessoas interagem com tecnologia daqui pra frente.
Já se passaram alguns meses desde que a Apple realizou uma mudança em suas configurações de privacidade que apresentou problemas para os esquemas publicitários do Facebook e, desde então, a empresa de redes sociais alterou seu nome oficialmente para Meta e trocou de foco, agora dando mais ênfase na tecnologia de realidade virtual. E agora, cerca de dois anos depois do ocorrido, pode ser que a Apple venha a ameaçar os negócios da Meta novamente, em outro campo.
Esse novo produto, claro, colocou a Apple novamente em linha de colisão com a Meta, reacendendo a rivalidade existente entre ambas as empresas. A Meta já desenvolve headsets de realidade virtual há anos.
Mark Zuckerberg, conhecido CEO da Meta, tentou promover o novo produto da empresa, o Meta Quest 3, pouco antes do anúncio já esperado do novo celular da Apple na WWDC (Apple Worldwide Developers Conference). O headset têm um desempenho melhorado, novas funções envolvendo a tecnologia de realidade misturada e um design elegante e confortável, próprio para uso contínuo, com um preço bastante em conta. Em contraste com o produto da Apple, o headset da Meta estará custando US$ 499 (aproximadamente R$ 2.450).
O headset Meta Quest 3, produto recente da Meta (Foto: Divulgação/Meta)
É fato que as duas empresas já estão em uma rivalidade acirrada há algum tempo, mesmo entre seus CEOS, que frequentemente discutem a respeito de problemas de privacidade e as políticas de lojas de aplicativos. Ano passado, a Meta até mesmo chegou a dizer que esperava ter um prejuízo de US$ 10 bilhões (aproximadamente R$ 48 bilhões) em 2022 por conta das novas limitações que a Apple impôs sobre aplicativos de rede social, tal como o Facebook. Essas limitações restringem a maneira que tais aplicativos podem coletar dados para anúncios personalizados.
Nessa nova disputa, a Meta tem a vantagem por já ter um mercado consolidado na tecnologia de realidade virtual. Entretanto, a realidade aumentada misturada à virtual é um mercado ainda em crescimento, sendo ainda pouco utilizada pelo público. A Apple, por outro lado, possui a vantagem de já ter um mercado consolidado na venda de aparelhos eletrônicos, com diversas lojas físicas espalhadas pelo mundo onde seus consumidores fiéis podem experimentar o novo produto antes de realizar a compra.
Segundo opiniões de analistas, a maior dificuldade em convencer os compradores a adotar essa tecnologia nascente é dar garantias de que o dinheiro investido será recompensado com uma ampla variedade de usos diferentes que possam justificar o preço. O anúncio feito pela Apple na WWDC parece ter sido feito com o objetivo de garantir aos compradores que os desenvolvedores da empresa serão capazes de criar experiências novas e interessantes através do headset, apesar do preço inicial mais proibitivo para o público comum.
Foto destaque: Vision Pro, novo headset de realidade mista da Apple. Divulgação/Apple.