Milhares de manifestantes bloquearam, interrompendo o tráfego, na Ponte Margarida sobre o rio Danúbio, em Budapeste, na última terça-feira(18), em oposição à nova lei aprovada pelo Parlamento da Hungria. A lei visa proibir a parada anual do Orgulho das comunidades LGBTQ+ e obteve 136 votos a favor e 27 contra, em procedimento acelerado. Segundo a Reuters, cerca de 2 mil pessoas estavam participando do protesto em que os manifestantes e ativistas do partido oposicionista, Momentum, gritavam “Europa” e “Fidesz imundo”.
A alteração da legislação torna infração realizar ou participar de eventos que violem a legislação de "proteção infantil". Também autoriza o uso de tecnologia de reconhecimento facial para identificar organizadores e participantes, que podem ser multados em até 200.000 florins húngaros (aproximadamente R$ 3.100).
Atores da medida
A medida, defendida pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, do partido democrata-cristão 'Fidesz', foi assinada pelo presidente da Hungria, Tamas Sulyok. Orbán, no poder desde 2010, enfrenta um novo e crescente partido de oposição antes das eleições de 2026. Ele prometeu proibir financiamento estrangeiro de organizações não governamentais e da mídia independente, se alinhando às ações de Donald Trump, o presidente dos EUA, que é seu aliado. Gergely Karácsony, o prefeito liberal de Budapeste, criticou a lei.
Manifestação contra a proibição da marcha do Orgulho LGBTQIA+ em Budapeste em março de 2025 (Foto: reprodução/Janos Kummer/Getty Images Embed)
Direito de reunião
Alguns dos manifestantes e os organizadores do Budapest Pride afirmam que a criação da lei não se trata apenas de reprimir a comunidade LGBTQIA+ devido aos conceitos cristãos, expressando preocupação que esse seja um projeto maior, construído aos poucos, para proibir qualquer tipo de manifestação popular no futuro. “Não se trata do movimento do Orgulho, se trata de liberdade de reunião. Eles estão tentando restringir o direito de reunião, talvez acabar com ele completamente”, disse Zsuzsa Szabo, de 72 anos, a Reuters.
Organizadores da marcha anual do Orgulho planejam realizar o próximo evento, marcado para 28 de junho, apesar da proibição e que isso não representa ameaça alguma às crianças.
Foto Destaque: Opositores de Viktor Orbán, dentro do Parlamento Húngaro, protestando contra a lei de proibição de festival do Orgulho LGBTQ+ (Reprodução/Marton Monus/REUTERS)