Uma nova prova contra Daniel Alves foi usada durante o terceiro e último dia de julgamento nesta quarta-feira (7), em Barcelona. A evidência trata-se de um vídeo feito acidentalmente, na noite de 30 de dezembro de 2022, por um dos policiais que foi até a boate Sutton atender ao chamado feito pelo proprietário do estabelecimento.
O policial acionou sem querer a câmera acoplada no uniforme. Sem saber, o profissional gravou a chegada da equipe policial na boate, bem como o primeiro contato com a vítima. O vídeo foi transmitido durante o julgamento a pedido da advogada de acusação e usado como prova contra Daniel Alves.
O que mostra a gravação
No vídeo, é possível ver o policial encontrando a vítima, que aparece bastante abalada na gravação. Em estado de choque, ela diz frases como “ele me bateu, me jogou no chão”.
Decisão da Corte sobre o caso deve sair em até 20 dias (Foto: reprodução/ Alberto Estévez/EFE)
Com medo de ter o nome exposto, a mulher fala que não quer denunciar. “Não quero nada, não quero que meu nome apareça”. O policial garante que o nome dela só aparecerá em documentação judicial. É, inclusive, o profissional que insiste que a vítima vá até o Hospital Clinic de Barcelona para passar por exames.
Após dar a primeira explicação sobre o que ocorreu na boate, o policial diz para a jovem: “você pode entrar voluntariamente e depois dizer que não. É para isso que serve a lei.”
Defesa alega embriaguez
Neste último dia de julgamento, Daniel Alves manteve sua quarta versão do que teria acontecido naquela noite, mas acrescentou o estado de embriaguez em sua defesa. Este argumento vem sendo bastante explorado pelos advogados do jogador, que alegam que devido ao consumo excessivo de álcool no dia do ocorrido, Daniel não estava com 100% de suas faculdades mentais.
Em depoimento, uma das psicólogas responsáveis por examinar Alves disse: "ele é uma pessoa que não está habituada a essa ingestão e por isso consideramos que as suas capacidades estavam afetadas". No entanto, ao serem questionadas pela acusação, a profissional garantiu que o jogador estava em condições de distinguir o bem do mal. “As suas capacidades cognitivas estavam ligeiramente afetadas, mas ele sabia o que estava acontecendo", disse.
Depoimento de Daniel Alves foi marcado por choro e foco no estado de embriaguez (Foto:reprodução/Jorid Borràs / ACN)
Na Espanha, a alteração de estado em virtude do consumo excessivo de álcool pode ser considerado um atenuante capaz de reduzir a pena pela metade. Segundo artigo do código penal espanhol, pode estar isento de responsabilidade criminal aquele que se encontra em estado de completa embriaguez no momento da prática do crime.
O MP, no entanto, desconsiderou a alegação da defesa, e manteve o pedido de 9 anos de reclusão. A acusação quer 12, a pena máxima em casos de crime de agressão sexual na Espanha. A defesa de Daniel, em contrapartida, pede a absolvição,
Este é um dos maiores julgamentos da história recente da Espanha. 270 jornalistas se credenciaram para acompanhar os três dias de sessão.
Foto destaque: Daniel Alves durante Copa do Mundo de 2022 (Reprodução/ Instagram/ @danielalves)
