Uma crise política se instalou após o contestado resultado das eleições, que manteve o presidente Nicolás Maduro reeleito. No último sábado (16), o Ministério Público da Venezuela informou que, dos mais de 2.400 detidos em protestos contra a reeleição de Maduro, 225 foram libertados. Entre os libertados, estavam "quatro adolescentes" que estavam detidos em Guárico, no centro do país, de acordo com o Observatório Venezolano de Prisiones.
Alfredo Romero, representante da ONG Foro Penal, principal instituição de direitos humanos da Venezuela, anunciou a liberação dos detidos através do X (antigo Twitter).
Algumas ONGs que acompanham o caso informaram que alguns detidos foram libertados sob medidas de liberdade condicional. O Ministério Público não forneceu detalhes sobre o caso, mas indicou que a libertação poderia ter como objetivo corrigir possíveis erros processuais.
Um policial de choque usa gás lacrimogêneo contra manifestantes durante um protesto de oponentes do governo do presidente venezuelano Maduro(Foto: reprodução/ AFPYURI CORTEZ/Getty Images Embed)
O protesto
Após a disputa eleitoral, marcada por desconfiança quanto aos resultados que deram a vitória a Nicolás Maduro, uma série de protestos eclodiu, resultando em mais de 28 mortes e cerca de 200 feridos, de acordo com informações das autoridades. Atualmente, centenas de pessoas continuam presas, com inúmeras denúncias de condições desumanas e maus-tratos nas prisões. O governo é acusado pela oposição e por ONGs de manter um grande número de presos políticos, com mais de 1.900 detidos até a semana passada.
Medo
O clima de medo e tensão continua a dominar o país. Para exigir a liberação dos demais detidos, familiares estão organizando vigílias e protestos em várias regiões, sustentando que muitos dos presos não têm qualquer vínculo com atos políticos, sendo detidos de maneira injusta. Segundo Trek Saab, procurador-geral da Venezuela, as pessoas sem envolvimento com crimes políticos devem ser libertadas, mas essa liberação ainda não aconteceu para muitos. Por outro lado, o governo se defende das acusações de repressão, argumentando que ações como essas são necessárias para manter a ordem pública em um momento de grave instabilidade política e social. A repressão, considerada uma das mais severas já registradas na América Latina no século XXI, vem sendo amplamente criticada por organizações internacionais de direitos humanos e pela oposição, que denunciam a violação de liberdades fundamentais e o uso excessivo de força contra cidadãos pacíficos.
Foto destaque: Familiares esperando os detidos do governo Maduro (reprodução/Federico Parra/AFP/Getty Images Embed)