Nesta sexta-feira (15), o Fundo para as Nações Unidas para as crianças (UNICEF) divulgou um alarmante aumento na taxa de desnutrição entre as crianças em Gaza. O número duplicou praticamente em apenas um mês e não há perspectiva de que a comida chegue ao norte da Faixa de Gaza, devido aos impasses nas negociações entre as autoridades israelenses e o grupo Hamas.
De acordo com exames coletados para detectar se uma criança tem desnutrição, a UNICEF e seus parceiros conseguiram concluir que uma em cada três crianças, com faixa etária abaixo de dois anos, possuem desnutrição severa.
Em meio às negociações de cessar-fogo, estão crianças que sofrem a cada dia com a falta de alimento e condições básicas de sobrevivência, cerca 4,5% das crianças são afetadas, aumentando o risco de morte sem o devido tratamento.
O Ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo grupo Hamas, informou que pelo menos 13.450 crianças já morreram desde o início da guerra em 7 de outubro. As mortes foram em decorrência dos ataques das forças israelenses ou pela escassez de alimento que afetou toda a região.
Menina palestina comendo pão (Foto: reprodução/gettyimagens/SAID KHATIB)
Entenda o diagnóstico de desnutrição
Desnutrição aguda grave é quando uma criança tem porte físico muito magro com relação a sua altura. Essa é a forma mais visível e letal da desnutrição. Com o sistema imunológico enfraquecido os riscos de morte aumentam entre as crianças menores de 5 anos.
Existem três tipos de desnutrição classificadas segundo os nutrientes que faltam na alimentação: Kwashiorkor é a carência de proteínas, Marasmo significa carência de calorias e Kwashiorkor-marasmático se trata da carência de fontes energéticas e proteínas. Nas formas mais graves, há perda muscular, déficit de crescimento, alterações psicológicas, a imunidade é prejudicada e a função dos órgãos desacelera, resultando em insuficiência de múltiplos órgão, podendo levar à morte.
(Foto: reprodução/Getty Images/Mahmud Hams)
Difícil missão de ajuda humanitária
O número de caminhões de ajuda humanitária que entraram na faixa de Gaza diminuiu em fevereiro, segundo dados da ONU, que alerta para o aumento de uma catástrofe de grande magnitude, caso nada seja feito imediatamente.
Além dos combates e saques a ajuda não consegue chegar ao território de forma organizada e suficiente para alimentar toda população. Lideranças humanitárias têm exigido de autoridades israelenses e outros países o envio de água, comida e medicamentos para os civis.
“Se algo não mudar, a fome será quase inevitável”, alertou Jens Laerke, porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha).
O abastecimento de água em Gaza está prejudicado, cerca de 97% dos reservatórios de água foram considerados “impróprios para consumo humano” e a produção agrícola está entrando em colapso, segundo Maurizio Martina, diretor-geral assistente da FAO. De acordo com a Associação Palestina de Desenvolvimento.
Foto destaque: Crianças palestinas carregando panelas de sopa entregue por voluntários (Reprodução/Said Khatib/AFP/Getty Images)