A UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) braço da ONU voltado para o tratamento integrado de comércio e desenvolvimento, assim como de assuntos correlacionados às áreas de finanças, tecnologia, investimento e desenvolvimento sustentável, lançou um relatório sobre a situação econômica da Palestina em 2022 e os prejuízos causados à economia e ao desenvolvimento devido aos atritos com Israel.
O relatório observa que o ano de 2022 foi desafiador para os palestinos, cuja economia permaneceu abaixo dos níveis pré-pandemia de 2019. Com um crescimento de 3,9% no PIB palestino durante o ano, o PIB real per capita ainda estava 8,6% abaixo do nível de 2019. Em particular, a Faixa de Gaza teve um desempenho particularmente baixo, com seu PIB real per capita caindo 11,7% em relação ao nível de 2019. A taxa de desemprego também permaneceu alta, atingindo 24% no Território Palestino Ocupado e impressionantes 45% em Gaza.
Menina palestina sob escombros (Foto: reprodução/AFP/RobertoSchmidt)
A necessidade de autonomia econômica da Palestina
Um problema constante é a contínua dependência econômica dos palestinos em relação a Israel. Esta dependência foi exacerbada por restrições à circulação de pessoas e mercadorias, juntamente com barreiras ao comércio internacional. Estes desafios econômicos têm sido intensificados pela falta de comunicação diplomática entre esses países.
As restrições impostas também limitaram o acesso dos residentes de Gaza a serviços essenciais, com 80% de sua população dependendo de ajuda internacional. Isso tem levado a uma vida difícil em Gaza, onde os residentes enfrentam frequentes cortes de eletricidade e têm acesso limitado a água limpa e sistemas de saneamento adequados.
Convergência entre as economias é vital para a paz da região
Além dos desafios econômicos, o relatório da UNCTAD destaca a realidade social do povo palestino. Três décadas após os Acordos de Oslo, a esperada convergência entre as economias palestina e israelense não se materializou. E ainda são encontrados muitos entraves ao crescimento do PIB per capita palestino, ainda mais recentemente com os atritos incentivados pelo Hamas e respondidos massivamente por Israel.
A falta de empregos levou muitos palestinos a buscar trabalho em Israel e nos assentamentos israelenses, onde os salários são mais altos. No entanto, esta dependência tornou a economia palestina vulnerável a choques em um ambiente volátil. A ajuda dos doadores internacionais, que anteriormente ajudava a mitigar o impacto da ocupação, diminuiu consideravelmente. Em 2022, a assistência financeira para o governo palestino caiu para menos de 3% do seu PIB, em comparação com 27% em 2008.
Em suma, o relatório da UNCTAD enfatiza a necessidade de uma solução sustentável para a situação econômica e de desenvolvimento dos palestinos, haja vista a necessidade de cooperação internacional de ambas as partes que devem optar pela solução pacífica das controvérsias - posição firmada e sedimentada pelos inúmeros tratados de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
Foto destaque: manifestação palestina (Reprodução/Wookeren/Wahyu)