Juarez Souza saiu da Bahia no início do ano, para tratar uma hérnia, aguardava uma cirurgia na rede pública de saúde, em Planaltina, DF, mas devido à demora para a realização do procedimento ele precisou sair do hospital que estava, ficou algum tempo na rua, onde em maio conheceu Manoel, que lhe ofereceu emprego de corte e transporte de eucaliptos na Fazenda Barra da Cachoeirinha, em São Sebastião no Distrito Federal.
Na fazenda além de Juarez, outro homem que não quis ter sua identidade revelada trabalhavam em condições semelhantes à escravidão, a estrutura era precária, eles dormiam em um curral, não tinham banheiro: "Não tinha banheiro, não tinha nada. A gente tinha que ir no mato", relatou Juarez. Os dois trabalhavam 12 horas diárias sem pagamento e a água para o banho era gelada, Juarez disse que com a onda de frio que atingiu o DF no mês passado, eles passaram bastante frio.
Local onde os trabalhadores dormiam (Foto: Reprodução/G1)
O proprietário da fazenda, o empresário Igor Emir afirmou ter contratado o serviço de apenas um homem para cortar eucalipto na fazenda, mas que não sabia que o contratado havia chamado outras duas pessoas informalmente para ajudar no trabalho e que os proprietários e seu gerente não tinham a ciência da situação indigna dos trabalhadores.
Em entrevista a TV Globo, o trabalhador conta que pediu para sair, mas o contratante se negou a pagar pelo serviço. "Só me pagava com 45 dias. Eu não disse nada para ele, peguei e fui embora. Coloquei o pé na estrada e fui caçar meus direitos", relata Juarez. Ele saiu da fazenda e caminhou por cerca de 5 horas até chegar ao centro de São Sebastião, onde conseguiu R$20,00 e foi até a Superintendência Regional do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Previdência, fazer a denúncia.
Com o auxílio da PF uma equipe de auditores fiscais do trabalho foi até a fazenda e resgatou o outro trabalhador e notificou os donos da propriedade, Juarez e o outro trabalhador receberam R$10 mil por dados coletivos e, pagamento do salário e ainda receberão três parcelas de seguro-desemprego especial para trabalhadores resgatados de situação análoga à escravidão, no valor de um salário mínimo.
Juarez está contente por agora estar em casa, ter tido a iniciativa de fugir daquela situação e se diz feliz por ter sido amparado e ajudado pela Justiça.
Foto Destaque: Juarez Souza após fugir da fazenda. Reprodução/G1