O ex-policial Ronnie Lessa declarou pela primeira vez os mandantes da morte da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes, aponta o Fantástico, com acesso ao video da delação, neste domingo (26). O pagamento por matar a vereadora seria a promessa de chefiar um negócio de milícias, avaliado em milhões de reais, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
Segundo o assassino de Marielle, os mandantes do crime seriam Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão. De acordo com Ronnie Lessa, o pagamento milionário seria para ele e seu parceiro, o ex-PM Edimilson de Oliveira, que também é conhecido como Macalé. Seu parceiro foi assassinado em novembro de 2021.
Comandante de uma milícia
Com acesso a um satélite, Ronnie informa onde seriam criados os loteamentos. No entanto, a Polícia Federal não encontrou nenhuma evidência concreta sobre o planejamento na área indicada, como indica o relatório. Apesar disso, o assassino destacou que os irmãos Brazão prometeram que ele seria um dos donos do negócio, mas não indicou quando isso ocorreria.
Marielle Franco era considerada um impasse no esquema criminoso (Foto: reprodução/CRESS PR)
Ainda sobre o plano, o ex-policial afirmou que se encontraram apenas três vezes e, durante esses encontros, os Brazão sempre afirmaram que Marielle atrapalhava o esquema. Entretanto, os encontros não foram comprovados pela PF, pois houve falta de registros telefônicos anteriores a 2018. Com isso, foi impossível estabelecer a ligação dos dados dos telefones dos mandantes do crime e do assassino.
Para os advogados dos mandantes do crime, os de Domingos Brazão declararam não haver documentos suficientes que comprovem a delação de Ronnie Lessa. Já os de Chiquinho Brazão afirmaram que Ronnie está em busca de benefícios e que seu discurso é desesperado, além de apontar muitas contradições.
Papel do Rivaldo Barbosa
Além disso, Ronnie apontou o ex-delegado Rivaldo Barbosa como participante do esquema, atuando para proteger os criminosos da investigação criminal após o assassinato. Várias provas sumiram durante a investigação
A defesa de Rivaldo Barbosa criticou a PF, afirmando que ela se baseia apenas no testemunho de um assassino e não em provas reais. Além disso, informou que o chefe da Delegacia de Homicídios do Rio nunca teve contato com os irmãos Brazão e que não há registro de movimentação financeira incomum.
Conforme a PF, um dia antes do assassinato, Rivaldo se tornou o chefe da delegacia do Rio e, para comandar a Delegacia de Homicídios, nomeou o delegado Ginilton Lages. Para a Polícia Federal, a nomeação de alguém de confiança serviu para que o crime fosse encoberto. Além disso, os investigadores afirmam que só prenderam os mandantes devido à pressão da mídia e da sociedade.
Foto Destaque: Ronnie Lessa confessa o crime e dá mais detalhes sobre assassinato de Marielle Franco (Reprodução/Marcelo Theobald/Agência O Globo)