Em uma decisão estratégica para evitar uma possível crise de poder e manter a estabilidade política em Israel, o Primeiro Ministro, Benjamin Netanyahu anunciou a dissolução de seu gabinete de guerra. A medida foi tomada após a saída do líder da oposição centrista, Benny Gantz, e do ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Gadi Eisenkot, do governo há uma semana. Gantz criticou o estilo de liderança de Netanyahu, afirmando que estava impedindo o país de alcançar uma vitória real na guerra.
A informação foi divulgada pelas agências internacionais de notícia, Reuters e Associated Press, creditando-a a um funcionário de alto escalão do governo.
Novas estruturas de decisão
O gabinete de guerra foi estabelecido quando Gantz e Eisenkot se juntaram a um governo de unidade nacional com a coalizão de direita de Netanyahu em outubro do ano passado. No entanto, sua dissolução gerou preocupações sobre como as decisões seriam tomadas sobre a campanha militar.
Segundo o porta-voz do governo, David Mencer, o gabinete de segurança e o gabinete pleno agora tomarão a responsabilidade pelas decisões. "Ao gabinete de segurança é concedido autoridade pelo Estado para tomar decisões juntamente com o gabinete pleno", disse Mencer. Algumas das questões anteriormente discutidas pelo gabinete de guerra serão transferidas para o gabinete de segurança, que inclui ministros da direita radical como Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich. As decisões sensíveis serão tomadas em um fórum de consulta menor envolvendo o Ministro da Defesa, Yoav Gallant, o Ministro das Questões Estratégicas, Ron Dermer, entre outros políticos.
Apesar da mudança, as Forças Armadas de Israel (FDI) asseguraram que não haverão efeitos na operação. "Os membros do gabinete estão sendo alterados e o método está sendo alterado. Temos a hierarquia, sabemos a cadeia de comando. Estamos trabalhando segundo a cadeia de comando. Isso é uma democracia", disse o porta-voz da FDI, Almirante Daniel Hagari.
Conflitos e tensão em Gaza
A decisão veio à tona enquanto as tensões permanecem altas em Gaza, onde mais de 37.000 pessoas morreram desde que Israel lançou uma campanha militar no outubro passado. O conflito também gerou preocupações com a possibilidade de um conflito mais amplo com o grupo armado libanês, Hezbollah.
Nos últimos dias, houve sinais de tensão dentro do governo israelense, com Netanyahu e seus ministros da direita criticando uma decisão da FDI para introduzir pausas táticas diurnas na atividade militar perto da cidade Rafah para permitir a entrega de ajuda humanitária. As pausas foram criticadas por alguns setores da sociedade israelense, que estão permitindo ao Hamas reagrupar-se. Parte da população de Israel protestou em Telavive no último fim de semana, por mudanças importantes sobre o gabinete de guerra, e até mesmo por uma eleição precoce para o cargo de primeiro-ministro.
Primeiro ministro, Benjamin Netanyahu durante reunião em Telavive, em outubro de 2023 (foto: Jacquelyn Martin/reprodução: GettyImages embed)
Desde o início dos conflitos no território, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirma que a operação militar israelense na Faixa de Gaza já deixou 37 mil mortos, dos quais 15 mil são crianças.
Foto destaque: Um míssil explode na cidade de Gaza durante um ataque aéreo israelense em outubro de 2023 (foto: Mahmud Hams/reprodução: GettyImages)