A cerca de 8 km da Costa do Iêmen está ancorado um super petroleiro há mais de 30 anos, carregado com aproximadamente um milhão de barris de petróleo. O navio está sendo finalmente descarregado. Em uma missão liderada pelas Nações Unidas, o descarregamento tem a tentativa de evitar o que poderia ser um dos piores desastres ecológicos que já ocorreram nas últimas décadas.
Estado do navio petroleiro causa medo de possível acidente ambiental (Foto: Reprodução/Mohammed Hamoud/Getty Images)
Os perigos existentes na missão
O FSO Safer é uma embarcação que tem 47 anos e está abandonado desde 2015, o que torna o processo de retirada dos petróleos um pouco mais complexo. Especialistas trabalham delicadamente na remoção do petróleo bruto, evitando que o super petroleiro se disfarce, que ocorra um derramamento maciço de líquido no mar ou que o óleo exploda.
O residente e coordenador humanitário da ONU David Gressly revelou que a operação está estimada em torno de US$ 141 milhões (cerca de R$ 660 milhões). Para a missão, está sendo utilizada a experiência da empresa de dragagem e offshore SMIT, que auxiliou no deslocamento do navio que bloqueou o canal de Suez em 2021.
Aproximadamente 23 estados que pertencem à ONU estão financiando a missão, um valor de US$ 16 milhões (R$ 75 milhões) estariam saindo do setor privado.
A equipe responsável pelo descarregamento está bombeando cerca de 4.000 e 5.000 barris por hora, e até o momento já foram transferidos para a embarcação de substituição 120.000 barris. O descarregamento de todo o petróleo deve ter a duração de 19 dias.
A quantidade de petróleo no navio seria suficiente para alimentar 50.000 casas ou 83.333 por cerca de um ano nos Estados Unidos. O valor do petróleo está em torno de US$ 80 milhões (R$ 377 milhões).
O navio está abandonado desde 2015 no mar vermelho devido a sua idade e às condições em que o mesmo se encontra. A ONU faz um alerta regularmente sobre os perigos que rondam a embarcação, já que um vazamento poderia se tornar o quinto maior por meio de um navio tanque. O custo para reparar tal desastre está estimado em torno de US$ 20 bilhões (R$ 94 bilhões).
Para realizar a operação, foi necessário proteger e estabilizar a embarcação, os setores de bombeamento precisaram ser reconstruídos e a iluminação consertada. Ao redor da embarcação, foram espalhadas barreiras flutuantes para capturar qualquer vazamento. Após essas medidas, se iniciou a transferência de um navio para o outro.
O risco de um desastre ambiental é grande
Um vazamento de grande proporções acarretaria fechamento dos portos, pois o líquido poderia atingir a costa africana, prejudicando a pesca por 25 anos e aumentando o número de desempregados em até 200 mil. A saúde pública do Iêmen e dos países ao redor seriam prejudicadas, a poluição do ar aumentaria e as internações por problemas respiratórios e cardiovasculares também, além de causar problemas psiquiátricos e neurológicos. A água potável se tornaria escassa para 10 milhões de pessoas e a alimentação de 8 milhões de pessoas seria ameaçada mediante um desastre ambiental.
Foto destaque: Superpetroleiro ancorado no mar morto. Reprodução/COEN DE JONG UNDP