Nesta quinta-feira (29), a Polícia Federal encerrou o inquérito aberto em janeiro de 2023 sobre a invasão no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na decisão, foram indiciados a deputada federal Carla Zambelli, do PL, e o hacker Walter Delgatti Neto, que está preso desde agosto de 2023 pelos crimes de invasão cibernético. A PF concluiu que o objetivo do ataque foi questionar a confiabilidade do Poder Judiciário.
A deputada federal, Carla Zambelli, é uma das maiores apoiadoras do ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/Lula Marques/EBC/Agência Brasil)
Em novo depoimento, Delgatti confirmou que recebeu dinheiro em espécie de Zambelli para invadir o sistema.
No hackeamento do sistema do CNJ, foram inseridos vários documentos falsos, incluindo uma ordem de Prisão para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os documentos analisados pela PF serão enviados para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que irá decidir de denúncia ou não a deputada ao STF. Se for adiante, o caso pode gerar uma ação penal que pode determinar a condenação ou absolvição.
O que dizem os advogados de defesa
Em entrevista ao Jornal Nacional, o advogado de Delgatti, Aroivaldo Moreira, disse que Walter está cooperando com a justiça desde o início das investigações, que o indiciamento de Carla só confirma a veracidade de seu depoimento e finaliza dizendo que, após o encerramento da investigação, irá reiterar o pedido para a libertação de Delgatti.
Por nota, o advogado de Carla, Daniel Bialski, diz que a deputada não teria feito nenhum pedido de invasão ao hacker.
“A defesa da deputada Carla Zambelli, conquanto ainda não tenha analisado minuciosamente os novos documentos e o relatório ofertado pela Polícia Federal, reforça que ela jamais fez qualquer tipo de pedido para que Walter Delgatti procedesse invasões ao sistema ou praticasse qualquer ilicitude”.
Quais são os documentos inseridos no CNJ
Mesmo que a PF não tenha encontrado mensagens entre Delgatti e Zambelli, em agosto de 2023, foram encontrados quatro documentos falsos inseridos por Walter ao sistema da CNJ.
O primeiro é uma ordem de quebra de sigilo bancário para o ministro Alexandre de Moraes, gerada por Delgatti e enviada rapidamente para o celular da deputada federal. O segundo seria um recibo para bloquear os bens do ministro no valor de R$ 22,9 milhões, o mesmo valor da penalidade que Alexandre designou para o PL por contestarem a eleição.
O terceiro é um falso mandado de prisão para Moraes, criado por Delgatti e enviado a Zambelli para ser divulgado na imprensa três horas depois. E por último, outro recibo de bloqueio de bens de Alexandre no valor de R$ 500 mil.
Foto destaque: Walter Delgatti e Carla Zambelli em foto publicada pela deputada no X em julho de 2022 (reprodução/X/@zambelli2210)
Matéria por: Adriane Paiva/In Magazine