Cinco opositores ao governo de Nicolás Maduro conseguiram escapar da embaixada da Argentina em Caracas, onde estavam abrigados há mais de um ano, e chegaram aos Estados Unidos após uma operação descrita pelos envolvidos como “uma das mais espetaculares da história das fugas”.
Um dos asilados, Omar González, afirmou que a ação foi cuidadosamente planejada e realizada sem qualquer confronto ou disparos. A operação foi coordenada com apoio dos Estados Unidos, mas detalhes sobre a execução não foram revelados, sob o argumento de que o processo ainda não foi totalmente concluído.
Condições extremas durante o refúgio
O grupo que conseguiu escapar é formado por Magalli Meda, Pedro Urruchurtu, Claudia Macero, Humberto Villalobos e Omar González. Eles buscaram asilo na representação diplomática da Argentina em março de 2024, quando uma série de prisões políticas ocorreu no país, antecedendo as eleições presidenciais de julho daquele ano, nas quais Maduro foi declarado vencedor em meio a inúmeras denúncias de fraude eleitoral.
EUA dizem que asilados em embaixada tutelada por Brasil foram “resgatados” (Video: Reprodução/Youtube/CNN Brasil)
Durante os 412 dias em que permaneceram na sede diplomática, os opositores relataram ter enfrentado condições adversas, como interrupções no fornecimento de água e energia elétrica, além de monitoramento constante por parte de agentes de segurança do governo venezuelano, que cercavam a área para impedir qualquer tentativa de fuga.
Inicialmente, seis opositores estavam refugiados na embaixada. Contudo, um deles, Fernando Martínez Mottola, optou por se entregar às autoridades em dezembro de 2024. Pouco tempo depois, em fevereiro de 2025, ele faleceu devido a complicações de saúde decorrentes das condições enfrentadas durante o confinamento.
Repercussão e continuidade do processo
A fuga bem-sucedida representa um revés simbólico para o governo de Maduro, frequentemente acusado de perseguir opositores e restringir liberdades políticas na Venezuela. Embora a operação tenha sido mantida sob sigilo, a chegada dos opositores aos Estados Unidos foi confirmada por fontes próximas aos envolvidos.
Até o momento, nem o governo argentino nem as autoridades norte-americanas divulgaram notas oficiais sobre o caso. Organizações de direitos humanos e entidades internacionais acompanham de perto a situação, que poderá gerar novas tensões diplomáticas entre Caracas e Buenos Aires, além de ampliar o debate sobre a crise política venezuelana.
Foto destaque: Nicolás Maduro (Reprodução/X/@dw_espanol)