Nesta terça-feira (20), durante o julgamento de 11 militares e um policial federal acusados de fazerem parte da trama que objetivava o golpe de Estado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, comentou a respeito dos pedidos da defesa dos julgados sobre sua suspeição no processo. Segundo o ministro, se a tentativa de golpe de Estado fosse bem sucedida, a suspeição dele próprio estaria sendo analisada pelos "kids pretos", militares especialistas em operações especiais da ativa ou reserva.
Início dos trabalhos
A Primeira turma do STF iniciou, nesta terça-feira, o julgamento das denúncias contra o chamado "núcleo 3" de ações táticas por tentativa de golpe de Estado. A acusação foi articulada pelo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, e nela, é expressa que os militares denunciados estariam envolvidos por tentar intuir no meio e entre os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, a ideia de que os militares que se opunham ao golpe eram "traidores da pátria" e com tendências "comunistas".
Esse grupo, incluindo os "kids pretos", são acusados de planejar um atentado contra o ministro Alexandre de Moraes, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao vice-presidente da república Geraldo Alckmin, em um plano denominado "punhal verde e amarelo". Durante o seu voto, Moraes rebateu o argumento da defesa dos militares envolvidos, que se fiaram na tese do golpe de Estado não ter acontecido. Entretanto, o ministro garante que a tentativa de atentar contra democracia por si só já é suficiente para configuração de um crime, pois, se o plano de golpe de Estado "saísse do papel", não haveria a possibilidade de julgamento por razões óbvias.
Segundo a denúncia, os "kids pretos" eram responsáveis também por pressionar o Alto Comando e o Comandante do Exército com o envio de cartas, além de incentivar colegas para que Lula não tomasse a posse como Presidente da República em 1º de janeiro de 2023.
Presidente Lula e vice-presidente da república Geraldo Alckmin, respectivamente, alvos do plano "Punhal Verde e Amarelo" (Foto: reprodução/Andressa Anholete/Getty Images Embed)
Próximos passos
Caso os ministros da Primeira Turma, composta por Cármen Lúcia, Luiz Fux, Flávio Dino, Alexandre de Moraes, e o presidente Cristiano Zanin, aceitem a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), os acusados tornam-se réus e responderão à ação penal na Suprema Corte.
Foto destaque: O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, durante sessão (Reprodução/Ton Molina/Bloomberg/Getty Images Embed)