A ex-primeira-dama e presidente do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro, classificando a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) como uma tentativa de desviar a atenção de problemas do governo Lula e um “roteiro de novela barata”. A declaração reacende o debate sobre as acusações de envolvimento de Bolsonaro em um esquema golpista para impedir a posse de Lula.
Denúncia baseada em delação questionável
Michelle Bolsonaro questionou a delação que embasa parte da denúncia, alegando que foi feita sob “ameaças e práticas que mais parecem uma tortura psicológica ou um pau de arara do século 21”. A PGR acusa Bolsonaro e mais 33 pessoas de crimes graves, incluindo organização criminosa armada e tentativa de golpe de Estado, com base em provas indicam o envolvimento do ex-presidente na análise e modificação de um decreto que previa a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do presidente do Senado.
Jair Bolsonaro ao lado de sua esposa Michelle durante uma cerimônia (Foto: reprodução/Evaristo SA/Getty Images Embed/AFP)
Críticas ao governo e futuro incerto na política
A ex-primeira-dama não poupou críticas ao governo Lula, sugerindo que as ações contra Bolsonaro surgem sempre que a administração enfrenta dificuldades. “É sempre a mesma coisa: operação contra militares, prisão de inocentes, denúncia com roteiro de novela… Parece que querem disfarçar as trapalhadas do governo ou esconder as anulações das penas da Lava-Jato”, declarou. Questionada sobre seu futuro na política, com seu nome sendo cotado para o Senado pelo Distrito Federal em 2026, Michelle evitou compromissos. “As candidaturas só serão registradas em 2026. Tem muita coisa para acontecer. Ainda tenho tempo para decidir se serei candidata e, se for, para qual cargo”, respondeu.
Os denunciados pela PGR têm até o dia 6 de março para apresentar suas defesas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. A investigação detalha como Bolsonaro teria analisado e solicitado alterações na minuta golpista, incluindo a exclusão dos nomes de Gilmar Mendes e Rodrigo Pacheco da lista de possíveis presos. O plano, segundo a PGR, visava interferir nas eleições de 2022 e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com as Forças Armadas atuando como um “poder moderador” para reverter o resultado eleitoral.
Foto destaque: Michelle Bolsonaro fala durante uma reunião (Reprodução/Buda Mendes/Getty Images Embed)